Réquiem para
Dona Zezé!
Há alguns dias faleceu Maria
José Silva Levenhagem Ferreira - “Dona Zezé”. Professora de História.
Apesar de haver trabalhado
com ela por cerca de seis anos no curso de História do Unipam, eu não a
conhecia. Não me recordo de tê-la visto em outro lugar, exceto dentro de uma
sala de aula, nas estéreis reuniões de departamento ou nos corredores de alguma
escola ou indo ou voltando para sua casa.
Em uma ocasião, quando ela
por motivos particulares, teve de se licenciar de suas aulas no Unipam, tive a
honra de substituí-la por trinta dias e nesta ocasião e somente nesta, estive
em sua casa para pegar alguns livros que teria de utilizar nas referidas aulas.
Convivi também
esporadicamente com seu ex-marido, no antigo Colégio Objetivo e no Polivalente.
E devo ter trocado uma ou duas palavras com o seu filho mais velho.
Nós professores somos assim,
convivemos anos a fio com os colegas e as colegas, mas temos poucos amigos e
não conhecemos de verdade quem está
sempre ao nosso lado.
Isso me recorda um trecho do
poema, “O rato e a comunidade” de Murilo Mendes, “...Que sabe esse rato de mim.
E esse homem e essa mulher...”
E mesmo depois de conviver
alguns anos com essa mulher que aparentemente era tão frágil e que enfrentou
tantos problemas durante toda sua vida, e não conhecê-la, já a admirava antes
de trabalhar com ela.
Certa vez, quando ainda estudava em Mariana e
estava em férias aqui em Patos, conheci por acaso uma vizinha, que ao saber que eu estudava
História, perguntou-me se eu não tinha o livro “Opulência e miséria das Minas
Gerais”. Emprestei o livro para ela e perguntei se ela fazia faculdade, ela
disse que não, e que ainda estava no segundo grau, aluna da “Escola Normal” e
que foi a “Dona Zezé”, professora de História, que havia pedido para todos
lerem aquele livro. Fiquei perplexo! Uma professora do interior, pedindo para
ler um livro inteiro. Aquilo era espetacular, principalmente, porque a
professora “Zezé” pedia para ler vários livros durante o ano. Passei a
admirá-la, e mais ainda, depois que passei a lecionar nas escolas patenses e
ouvia os depoimentos de alunos e ex-alunos.
Aliás, alguns deles foram
alunos, depois colegas. Quantas gerações não foram seus alunos e alunas?
Mas infelizmente não fomos
amigos. Nem sabia que ela não era patense. Nem há quanto tempo morava aqui.
Lamentavelmente, deixarei para outros que a conheceram há décadas, contar a sua
história. Só sabia que era uma mulher que tinha uma tenacidade admirável que
lhe dava resistência para lecionar em várias escolas.
Não conheci de fato “Dona
Zezé”, uma mulher inesquecível. Uma professora
que ficará na memória, para uns como uma professora que exigiu demais.
Para outros como uma educadora que sabia da possibilidade de cada um diante dos
problemas escolares. Ou ainda, e isso eu ouvi vária vezes: “Só aprendi História
com a Dona Zezé!”.
O que eu sei, é que o mundo
ficou pior com a morte de uma professora.
O mundo ficou pior com a morte de “Dona Zezé, professora de História”.
Ode a “Dona Zezé”!
José Eduardo de Oliveira – Professor de
História na Rede Municipal de Ensino. Folha patense
bravo!!
ResponderExcluirAdorei
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