Baralho a quatro Ases
O turista
que visita Patos de Minas na época da Festa do Milho (e em outras épocas e
efemérides musicais e comerciais) acha
que conheceu as belezas, as virtudes artísticas e os valores musicais da
cidade. Alegre engano.
“Patos” de
Minas deveria chamar-se “Sabiás” de Minas. Ou quem sabe “Canários (da terra) de
Minas”. Ou talvez ainda “Sanhaços” de
Minas. A miríade de aves canoras (machos e fêmeas) que a cidade cultiva aqui e
em outras plagas é incomensurável.
Na
sexta-feira, 02/05, pudemos comprovar isso in
loco, e de forma cabal, quando Dalla (violão e voz); Dunga (violão, flauta
e voz); Leonardo (violino e voz) e Wilmar
(violão, bandolim, guitarra e voz) nos ofertaram com o show musical
“Baralho a Quatro”. Quatro Ases, diga-se de passagem. Quatro Ases de Ouro se
isso fosse possível em um só baralho.
O Teatro
Municipal “Leão de Formosa” foi o palco do magnânimo espetáculo. Sim magnânimo
porque há muito tempo que plateia tão seleta não ganhava um presente tão sensível e cheio de surpresas.
Não
bastasse os “quatro ases” para nos emocionar a cada acorde, a cada canção,
tivemos ainda a extraordinária participação especial do músico e regente do
Conservatório Municipal, Sérgio e dos alunos Nicinha e Flávio.
Mas o jogo
musical dos amigos ainda permitiu que outro velho parceiro, também participasse
do carteado e distribuísse as cartas, digo,
as notas e os acordes pelo teatro: Marcel Debrot.
Ao fim do
alumbrado espetáculo, ovacionados, os músicos agradeceram. Ficaram as palavras
de Dalla: “Nossa arma é cantar”.
Quase tudo
perfeito. O show foi impecável. Pudera a
qualidade dos músicos, do repertório. Sem contar o apelo dos organizadores (e
outras pessoas) em nos convidar.
O quase
fica aqui, como um desconforto que algumas pessoas sentiram: o teatro não
estava lotado. (Esse absenteísmo do público também existe nos lançamentos de
obras literárias). Por quê?
Como
explicar porque os patenses que lotam os rodeios e os foguetórios infernais
(políticos ou não) ignoram estes artistas e com grande ênfase prestigiam outros
“de fora” com pouca ou nenhuma qualidade musical?
Fora isso,
bravo! Bravo!
José
Eduardo de Oliveira
Professor
de História
(Publicado
no Jornal Folha Patense - 10/05/2003 - p. 20)
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