quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Baralho a quatro Ases



Baralho a quatro Ases

O turista que visita Patos de Minas na época da Festa do Milho (e em outras épocas e efemérides musicais e comerciais)  acha que conheceu as belezas, as virtudes artísticas e os valores musicais da cidade. Alegre engano.
“Patos” de Minas deveria chamar-se “Sabiás” de Minas. Ou quem sabe “Canários (da terra) de Minas”.  Ou talvez ainda “Sanhaços” de Minas. A miríade de aves canoras (machos e fêmeas) que a cidade cultiva aqui e em outras plagas é incomensurável.
Na sexta-feira, 02/05, pudemos comprovar isso in loco, e de forma cabal, quando Dalla (violão e voz); Dunga (violão, flauta e voz); Leonardo (violino e voz) e Wilmar  (violão, bandolim, guitarra e voz) nos ofertaram com o show musical “Baralho a Quatro”. Quatro Ases, diga-se de passagem. Quatro Ases de Ouro se isso fosse possível em um só baralho.
O Teatro Municipal “Leão de Formosa” foi o palco do magnânimo espetáculo. Sim magnânimo porque há muito tempo que plateia tão seleta não ganhava um  presente tão sensível e cheio de surpresas.
Não bastasse os “quatro ases” para nos emocionar a cada acorde, a cada canção, tivemos ainda a extraordinária participação especial do músico e regente do Conservatório Municipal, Sérgio e dos alunos Nicinha e Flávio. 
Mas o jogo musical dos amigos ainda permitiu que outro velho parceiro, também participasse do carteado e distribuísse as cartas, digo,  as notas e os acordes pelo teatro: Marcel Debrot.
Ao fim do alumbrado espetáculo, ovacionados, os músicos agradeceram. Ficaram as palavras de Dalla: “Nossa arma é cantar”.
Quase tudo perfeito. O show  foi impecável. Pudera a qualidade dos músicos, do repertório. Sem contar o apelo dos organizadores (e outras pessoas) em nos convidar.
O quase fica aqui, como um desconforto que algumas pessoas sentiram: o teatro não estava lotado. (Esse absenteísmo do público também existe nos lançamentos de obras literárias). Por quê?
Como explicar porque os patenses que lotam os rodeios e os foguetórios infernais (políticos ou não) ignoram estes artistas e com grande ênfase prestigiam outros “de fora” com pouca ou nenhuma qualidade musical?
Fora isso, bravo! Bravo!

José Eduardo de Oliveira
Professor de História

(Publicado no Jornal Folha Patense - 10/05/2003 - p. 20)

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