quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

José Vilmar e sua Arte



José Vilmar e sua Arte

Enfim uma novidade! Sim uma novidade nesse marasmódico mundo das artes plásticas patenses. Este é o meu ponto de vista sobre a exposição da obra de José Vilmar aberta na última sexta (18/07) na galeria “Clênio Pereira”  em  Patos de Minas.
A exposição (exposição?) que leva o nome “Foram Notícias” me deu a impressão de estar em Paris. Ou talvez no MAM em São Paulo.  Ou quem sabe no novo museu americano “Dia” de Beacon? No MoMA de Nova York (Museu de Arte Moderna)?  Não interessa! O que interessa é o que está sendo comprovado o que muita gente boa não quer reconhecer: José  Vilmar faz arte da melhor qualidade.
Outro dia ousei escrever que Patos de Minas é terra de muitos talentos musicais. E agora tampo a peneira com o sol ao afirmar que a cidade também é uma mina de artistas plásticos. No entanto têm pessoas que acham que arte é carro de bois, milharais, natureza morta, imagens de santos, paisagens ou retratos de pessoas ilustres ou não. Sim arte pode ser tudo isso e muito mais.
E José Vilmar nos mostra isso toda vez que expõe seu trabalho em algum lugar. Aqui ou lá fora. É ousado e original. Mas só ousadia e originalidade não transforma o nada em arte.
Arte é o que ele faz, com suas “instalações”. Ao misturar técnicas, materiais e suportes ele nos leva aonde todo artista intenciona: a estados emocionais que só a arte nos conduz.
Ao adentrar na galeria fui ludibriado pela primeira vez: pensei tratar-se de um happening à maneira de Hélio Oiticica e seus “parangolés”. Depois outro preconceito, pensei logo em Body-Art meio ao contrário e a qualquer momento ele seria filmado e apareceria na tela da parede ou então seria eu o focado e apareceria ali como uma notícia medíocre. Nada disso.
Sua arte conceitual me levou a ser notícia enquanto eu observava e líamos nós mesmos e os outros que “foram noticias”. Fotolinguagem? Vídeolinguagem? Arte-Computador mista/pintura/escultura?
Indagações e provocações, além da beleza estética, estas são também outras funções da arte. E desta forma sua arte é também uma  arte sociológica. Quem “foram notícias”? Nós homens e mulheres ali representados nos emocionando e nos fazendo questionar a nós mesmos? Somos restos de notícias? Somos jornais velhos? Somos recicláveis? Os nossos valores estéticos/dialéticos são nós mesmos?
E o que mais pasmou alguns dos poucos que compareceram ao vernissage é que não havia etiquetas de preços e nem de “vendido” ou “reservado”. Muitos concebem a obra de arte apenas enquanto mercadoria ou para combinar com o sofá da sala. Também. Mas ai a arte fica um pouco menos arte.
Parabéns José Vilmar.

José Eduardo de Oliveira - Professor de História.
Folha patense, 26.07.2003, P. 7.

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