José Vilmar e sua Arte
Enfim uma novidade! Sim uma
novidade nesse marasmódico mundo das artes plásticas patenses. Este é o meu
ponto de vista sobre a exposição da obra de José Vilmar aberta na última sexta
(18/07) na galeria “Clênio Pereira”
em Patos de Minas.
A exposição (exposição?) que
leva o nome “Foram Notícias” me deu a impressão de estar em Paris. Ou talvez no MAM em São Paulo. Ou quem sabe no novo museu
americano “Dia” de Beacon? No MoMA de Nova York (Museu de Arte Moderna)?
Não interessa! O que interessa é o que está
sendo comprovado o que muita gente boa não quer reconhecer: José Vilmar faz arte da melhor qualidade.
Outro dia ousei escrever que
Patos de Minas é terra de muitos talentos musicais. E agora tampo a peneira com
o sol ao afirmar que a cidade também é uma mina de artistas plásticos. No
entanto têm pessoas que acham que arte é carro de bois, milharais, natureza
morta, imagens de santos, paisagens ou retratos de pessoas ilustres ou não. Sim
arte pode ser tudo isso e muito mais.
E José Vilmar nos mostra
isso toda vez que expõe seu trabalho em algum lugar. Aqui ou lá fora. É ousado
e original. Mas só ousadia e originalidade não transforma o nada em arte.
Arte é o que ele faz, com
suas “instalações”. Ao misturar técnicas, materiais e suportes ele nos leva
aonde todo artista intenciona: a estados emocionais que só a arte nos conduz.
Ao adentrar na galeria fui
ludibriado pela primeira vez: pensei tratar-se de um happening à maneira de Hélio Oiticica e seus “parangolés”. Depois
outro preconceito, pensei logo em Body-Art meio ao
contrário e a qualquer momento ele seria filmado e apareceria na tela da parede
ou então seria eu o focado e apareceria ali como uma notícia medíocre. Nada
disso.
Sua arte
conceitual me levou a ser notícia enquanto eu observava e líamos nós mesmos e
os outros que “foram noticias”. Fotolinguagem? Vídeolinguagem? Arte-Computador
mista/pintura/escultura?
Indagações e
provocações, além da beleza estética, estas são também outras funções da arte.
E desta forma sua arte é também uma arte
sociológica. Quem “foram notícias”? Nós homens e mulheres ali representados nos
emocionando e nos fazendo questionar a nós mesmos? Somos restos de notícias?
Somos jornais velhos? Somos recicláveis? Os nossos valores estéticos/dialéticos
são nós mesmos?
E o que mais
pasmou alguns dos poucos que compareceram ao vernissage é que não havia etiquetas de preços e nem de “vendido”
ou “reservado”. Muitos concebem a obra de arte apenas enquanto mercadoria ou
para combinar com o sofá da sala. Também. Mas ai a arte fica um pouco menos
arte.
Parabéns José
Vilmar.
José Eduardo de
Oliveira - Professor de História.
Folha patense,
26.07.2003, P. 7.
Nenhum comentário:
Postar um comentário