quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Chumbo ou Areado? 144 anos



Chumbo ou Areado? 144 anos.*

José Eduardo de Oliveira

A região onde se encontra a Igreja de Nossa Senhora das Dores do Chumbo e o distrito de Chumbo, foi primitivamente desbravada e explorada na segunda metade do século XVIII por garimpeiros que procuravam diamantes no ‘sertão do Abaeté e do lndaiá’. Depois, a partir de cerca do ano de 1800, com a descoberta e exploração de galena, minério que contém prata e chumbo[1]. Daí, a origem do nome atual.
Neste dia 17 de junho, completou 144 anos que foi criado o distrito de Chumbo, de história interessante e conturbada, que chegou a ser distrito de várias freguesias: Morada Nova de Minas, Rio Paranaíba (São Francisco das Chagas). Além disso, tem outro problema, longe de ser resolvido: a questão do nome Areado ou Chumbo? Como demonstraremos abaixo, o distrito já teve vários nomes. Hoje, oficialmente, a localidade denomina-se Chumbo, no entanto, popularmente, vence a tradição e todos preferem denominá-la Areado.
Também, segundo Nascimento Reis Araújo - XEL, o aniversário do distrito possui sua controvérsia: é comemorado na segunda semana do mês de julho (este ano será nos dias 10, 11 e 12/07). Apesar de a primeira grande festa ter sido comemorado em 1994, no dia certo, ou seja, dia 17 de junho. Mudaram de nome, mudaram também o dia da festa...
A Igreja de Nossa Senhora das Dores está localizada no Distrito de Chumbo, que atualmente pertence à cidade de Patos de Minas, mas nem sempre foi assim. Waldemar de Almeida Barbosa, citando o relatório de 1885, de Pe. Elias José de Barros, Vigário da Vara de Dores do Indaiá, informa-nos que “na antiga freguesia de Morada Nova, havia um arraial de certa importância: o arraial do Chumbo. Em meados do século passado, os moradores do povoado resolveram construir outro arraial, em local mais aprazível, distante cerca de 20 quilômetros. Construíram inicialmente nova capela, dedicada a N. Sra. Das Dores, e levantaram o arraial, que ficou sendo chamado de Areado”[2]. O antigo arraial, Capelinha do Chumbo, hoje se denomina Major Porto.
Diz-nos ainda, o mesmo Almeida Barbosa, que “O distrito, então pertencente à freguesia de Morada Nova, foi criado pela lei nº 654, de 17 de junho de 1854[3], com o nome de Nossa Senhora da Conceição do Areado. A freguesia foi criada pela lei nº 2.329, de 12 de julho de 1876. Ao ser criada, a freguesia pertencia ao município de São Francisco das Chagas. A freguesia foi instituída canonicamente, com a invocação de N. Sra. da Conceição e N. Sra. das Dores, por provisão episcopal de 23 de julho de 1877”[4].
No entanto, antes disso, assegura-nos, Joaquim Ribeiro Costa que, desde 1859, Areado está incorporado a S. Francisco do Campo Grande e que  “A lei 2.167 de 29-IX-1875 declara pertencente ao mun. de Patos de Minas a paróq. de Santana de Areado, desmembr. do mun. de Patrocínio. A lei nº 2.329 de 1876, eleva a paróq. o dist. de Areado no mun. de São Francisco das Chagas. A lei nº 2656, de 4-XI-1880 incorp. a mesma paroq. ao mun. de Santo Antônio de Patos. A lei nº 843 de 7-IX-1923 muda para Chumbo a denominação do dist. de Dores do Areado”[5].
E importante ressaltar que, após inúmeros pedidos dos moradores de Santo Antônio dos Patos, o distrito foi, finalmente, pela Lei nº 1291 de 30 de outubro 1866, elevado à categoria de Vila e se comporia de “Freguesia dos Patos, dos distritos de Santa Ana da Barra do Rio Espírito Santo, dos Alegres e Areado”... desmembrado este último, de São Francisco das Chagas[6]. No entanto, como vimos, o distrito não foi incorporado à nova Vila, talvez pelo fato de que só  “em 29 de fevereiro de 1868, data em que a nossa unidade política iniciou vida autônoma”[7].
É certo que no Sul de Minas já existe um outro Areado, bem mais antigo.
Parabéns, Areado! Ou Chumbo?

* Corrigido em  2008 - Publicado na Folha Patense, 04.07.98


[1] ESCHWEGE, W. L. Pluto brasiliensis. Belo Horizonte: Itatiaia, l979. v. 2, p. 169.
[2] BARBOSA, Waldemar de Almeida. Dicionário histórico-geográfico de Minas Gerais. Belo Horizonte: Saterb,1971. p. 273 e 107.
[3] Para, COSTA, o ano é outro, 1853. COSTA, Joaquim Ribeiro. Costa. Toponímia de Minas Gerais. 2.ed. Belo Horizonte: BDMG, 1997. págs. 106 e 159. Segundo Humberto Corrêa dos Santos, “...consulta em fontes primárias e originais do Arquivo Público Mineiro pode ser verificado o equivoco – Chumbo é mais velho um ano. Assim constata-se que a Lei em questão é de 1853.”’. Folha Patense, 01.06.2013, p. 8. De fato, o ano é mesmo 1853, confira: http://hera.almg.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=NJMG&u=http://www.almg.gov.br/njmg/chama_pesquisa.asp&SECT7=LINKON&p=1&r=1&l=1&f=G&s1=lei+654+1853.norm. Ps.  O mais incrível é como ele demorou para descobrir um equívoco tão óbvio...

[4] BARBOSA, Op. Cit. p. 125.
[5] COSTA, Op. cit. p. 106.
[6] FONSECA, Gcraldo. Domínios de pecuários e enxadaxins. Belo Horizonte: INGRABRAS, 1974. p. 80.
[7] OLIVEIRA MELLO, Antônio de. Patos de Minas centenária. Patos de Minas: Edição da Prefeitura Municipal, 1992. p. 32.

Um comentário:

  1. Olá, gostaria de saber mais sobre a história de Major Porto, principalmente sobre quem eram os primeiros desbravadores, suas origens e etc...

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