Chumbo ou Areado? 144 anos.*
José Eduardo de Oliveira
A região onde se
encontra a Igreja de Nossa Senhora das Dores do Chumbo e o distrito de Chumbo,
foi primitivamente desbravada e explorada na segunda metade do século XVIII por
garimpeiros que procuravam diamantes no ‘sertão do Abaeté e do lndaiá’. Depois,
a partir de cerca do ano de 1800, com a descoberta e exploração de galena,
minério que contém prata e chumbo[1].
Daí, a origem do nome atual.
Neste dia 17
de junho, completou 144 anos que foi criado o distrito de Chumbo, de história
interessante e conturbada, que chegou a ser distrito de várias freguesias:
Morada Nova de Minas, Rio Paranaíba (São Francisco das Chagas). Além disso, tem
outro problema, longe de ser resolvido: a questão do nome Areado ou Chumbo?
Como demonstraremos abaixo, o distrito já teve vários nomes. Hoje,
oficialmente, a localidade denomina-se Chumbo, no entanto, popularmente, vence
a tradição e todos preferem denominá-la Areado.
Também,
segundo Nascimento Reis Araújo - XEL, o aniversário do distrito possui sua
controvérsia: é comemorado na segunda semana do mês de julho (este ano será nos
dias 10, 11 e 12/07). Apesar de a primeira grande festa ter sido comemorado em
1994, no dia certo, ou seja, dia 17 de junho. Mudaram de nome, mudaram também o
dia da festa...
A Igreja de
Nossa Senhora das Dores está localizada no Distrito de Chumbo, que atualmente
pertence à cidade de Patos de Minas, mas nem sempre foi assim. Waldemar de
Almeida Barbosa, citando o relatório de 1885, de Pe. Elias José de Barros,
Vigário da Vara de Dores do Indaiá, informa-nos que “na antiga freguesia de
Morada Nova, havia um arraial de certa importância: o arraial do Chumbo. Em
meados do século passado, os moradores do povoado resolveram construir outro
arraial, em local mais aprazível, distante cerca de 20 quilômetros.
Construíram inicialmente nova capela, dedicada a N. Sra. Das Dores, e
levantaram o arraial, que ficou sendo chamado de Areado”[2]. O
antigo arraial, Capelinha do Chumbo, hoje se denomina Major Porto.
Diz-nos
ainda, o mesmo Almeida Barbosa, que “O distrito, então pertencente à freguesia
de Morada Nova, foi criado pela lei nº 654, de 17 de junho de 1854[3],
com o nome de Nossa Senhora da Conceição do Areado. A freguesia foi criada pela
lei nº 2.329, de 12 de julho de 1876. Ao ser criada, a freguesia pertencia ao
município de São Francisco das Chagas. A freguesia foi instituída canonicamente,
com a invocação de N. Sra. da Conceição e N. Sra. das Dores, por provisão
episcopal de 23 de julho de 1877”[4].
No entanto, antes
disso, assegura-nos, Joaquim Ribeiro Costa que, desde 1859, Areado está
incorporado a S. Francisco do Campo Grande e que “A lei 2.167 de 29-IX-1875 declara pertencente
ao mun. de Patos de Minas a paróq. de Santana de Areado, desmembr. do mun. de
Patrocínio. A lei nº 2.329 de 1876, eleva a paróq. o dist. de Areado no mun. de
São Francisco das Chagas. A lei nº 2656, de 4-XI-1880 incorp. a mesma paroq. ao
mun. de Santo Antônio de Patos. A lei nº 843 de 7-IX-1923 muda para Chumbo a
denominação do dist. de Dores do Areado”[5].
E importante
ressaltar que, após inúmeros pedidos dos moradores de Santo Antônio dos Patos,
o distrito foi, finalmente, pela Lei nº 1291 de 30 de outubro 1866, elevado à
categoria de Vila e se comporia de “Freguesia dos Patos, dos distritos de Santa
Ana da Barra do Rio Espírito Santo, dos Alegres e Areado”... desmembrado este
último, de São Francisco das Chagas[6].
No entanto, como vimos, o distrito não foi incorporado à nova Vila, talvez pelo
fato de que só “em 29 de fevereiro de
1868, data em que a nossa unidade política iniciou vida autônoma”[7].
É certo que
no Sul de Minas já existe um outro Areado, bem mais antigo.
Parabéns,
Areado! Ou Chumbo?
[1] ESCHWEGE,
W. L. Pluto brasiliensis. Belo Horizonte: Itatiaia, l979. v. 2, p.
169.
[2] BARBOSA, Waldemar de Almeida. Dicionário histórico-geográfico
de Minas Gerais. Belo Horizonte: Saterb,1971. p. 273 e 107.
[3] Para, COSTA, o ano é outro, 1853. COSTA, Joaquim
Ribeiro. Costa. Toponímia de Minas Gerais. 2.ed. Belo Horizonte: BDMG, 1997.
págs. 106 e 159. Segundo Humberto Corrêa dos Santos, “...consulta em fontes
primárias e originais do Arquivo Público Mineiro pode ser verificado o equivoco
– Chumbo é mais velho um ano. Assim constata-se que a Lei em questão é de 1853.”’.
Folha Patense, 01.06.2013, p. 8. De
fato, o ano é mesmo 1853, confira: http://hera.almg.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=NJMG&u=http://www.almg.gov.br/njmg/chama_pesquisa.asp&SECT7=LINKON&p=1&r=1&l=1&f=G&s1=lei+654+1853.norm.
Ps. O mais incrível é como ele demorou
para descobrir um equívoco tão óbvio...
[4] BARBOSA,
Op. Cit. p. 125.
[5] COSTA, Op. cit. p. 106.
[6] FONSECA, Gcraldo. Domínios de pecuários e
enxadaxins. Belo Horizonte: INGRABRAS, 1974. p. 80.
[7] OLIVEIRA MELLO, Antônio de. Patos de Minas centenária.
Patos de Minas: Edição da Prefeitura Municipal, 1992. p. 32.
Olá, gostaria de saber mais sobre a história de Major Porto, principalmente sobre quem eram os primeiros desbravadores, suas origens e etc...
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