José Eduardo de Oliveira*
Este ano, no
dia 30 de outubro, comemora-se 130 anos que Santo Antônio dos Patos foi elevada
à categoria de Vila. No entanto, a instalação da nova vila só se deu no dia 29
de fevereiro de 1868, já que o artigo 30 da Lei n.° 1.291, de 30 de outubro de
1866, que elevou o distrito à vila, estabelecia que o mesmo deveria ter cadeia
e casa de Câmara para estabelecer-se como vila. Em 24 de maio de 1892, a vila foi elevada à
categoria de Cidade.
Deste então,
Patos de Minas, tem-se mostrado como um exemplo do descaso pela História,
tradição e memória municipal. Exceto talvez em dois momentos. O primeiro, no
ano passado, quando a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, através da
Divisão de Cultura da SEMEC, criou o Projeto Famílias Tradicionais Patenses e
resgatou a memória e a História das famílias Borges e Maciel. O segundo, é que
este ano, o projeto tem continuidade, agora, resgatando as famílias Caixeta e Santana.
À parte isso,
a cidade cresce vorazmente e teima em esquecer o seu passado glorioso.
Recordemos
aqui, o desaparecimento da farta e valiosa documentação, como a lendária
“Doação do Patrimônio”, que o tempo, os cupins e o descaso das autoridades
consumiram. Depois foi a vez da primitiva Capela de Santo Antônio,
inexplicavelmente demolida. Agora, as últimas marcas dos primeiros patenses, as
residências, as casas de morada, estão com seus “ossos” à mostra e agonizam.
A primeira
casa que foi demolida e causou protestos de vários patenses, quem se lembra?
Quem se lembra do casario da praça D. Eduardo? O solar dos Amorins? Ninguém.
É assim,
primeiro esquecemos as igrejas, as ruas, as vasas e depois os antepassados.
O progresso é
inevitável. Será que vale mesmo a pena restaurar e conservar (e revitalizar) certas
casas que pertenceram ao poder local? Os Macieis, os Borges, os Nascimentos, os
Santanas, os Portos, os Rozas, os Amorins, os Santos, as Rochas, os Caixetas,
os Vales e os Cambraias: vale a pena preservar para posteridade ou usar as
verbas para asfaltar, construir escolas e hospitais?
As escolas,
hospitais e o asfalto, sempre serão imprescindíveis, mas serão sempre
construídos. Mas o patrimônio histórico e cultural só será lembrado pela
omissão. E em breve, mais uma, a casa dos “Macieis”, na Rua Major Jerônimo,
será apenas mais um “cadáver” insepulto que vagará na lista interminável da
morte da memória municipal.2
*
Professor de História no CAIC/Patos de Minas
REVISTA
DIGA, Patos de Minas, ano II, n º 19,
maio 1996
PS.:
1) O título deste artigo foi uma
homenagem a Franklin de Oliveira (1916-2000) e a um de seus livros “Morte da
Memória Nacional” cuja primeira edição é de 1967
2) Crônica da morte anunciada. No dia 19 de fevereiro de 2005, bem na calada da noite, a "casa dos Maciéis", a casa de Major Jerônimo foi tombada literalmente, foi demolida, virou escombros do passado. Depois de muitos anos como terreno baldio, hoje funciona um supermercado.
infelizmente não sei de quem são estas fotos...
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