História e
Engajamento
De Hobsbawm a Heródoto a História teve seus heróis, seus mortos e seus covardes. Mais mortos que
heróis (mais covardes que mortos). E podemos destacar dois tipos de mortos: os
que não morreram, mesmo que estejam mortos e os que morreram de verdade, ainda
que estejam vivos.
Os primeiros, consumiram, respiraram, defecaram e mais nada (mesmo que
tenham lido a Bíblia e o Capital). Se
escreveram alguma coisa, não foi para ninguém. E o próprio cérebro ficava perto
demais da região pubiana. E nunca tiveram compromisso, exceto abstrato, antisséptico,
acadêmico e de asco.
Os segundos, não esqueceram a região do púbis. Mas se preocuparam com
os que foram gerados aqui e acolá. Os herdeiros (dominadores) e os deserdados
(dominados). Sobretudo o imenso abismo entre ambos.
Os que morreram e estão vivos - e perplexos com a estática - são os que
engajaram. Aprenderam, apreenderam e dissecaram a palavra e a fundiram à ação
(práxis), ainda que contra tudo e contra todos.
Estes últimos - nasceram dentro da História, sentiram, viram, agiram e
transformaram-na - os visionários do irreal que buscaram com as mãos quase
nuas, a generosidade e as armadilhas do saber e da luta - Caio Prado Junior,
Florestan Fernandes, Glauber Rocha... - para pasmarem o poder com o brilho da
verdade.
Texto publicado em setembro de 95 no “Vozes em temporais” informativo do D.C.E “16 de Maio” da FEPAM.
(o texto sofreu ligeira revisão já que o mesmo foi publicado com
algumas erratas)
Ou estou muito enganado, mas os “temporais” arrastaram as
vozes e este informativo não passou do primeiro numero (?).
[2013]
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