quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Oliveira Mello lançará livro em Paracatu



Oliveira Mello lançará livro em Paracatu

José Eduardo de Oliveira*
Lançamento acontece durante as comemorações de 250 anos da criação da Paróquia Catedral de Santo Antônio e 75 anos da Diocese

Nos próximos dias 27 e 28 de agosto Paracatu estará em festa. Comemoram-se nestes dias duas datas marcantes na História da Igreja Católica e dos cristãos paracatuenses e do noroeste mineiro: os 250 anos de criação da Paróquia de Paracatu e o Jubileu de Diamante de criação da Prelazia/Diocese de Paracatu.
Segundo o bispo da Diocese de Paracatu Dom Leonardo de Miranda Pereira, a Paróquia de Santo Antônio de Paracatu, foi a primeira e única paróquia em todo o Noroeste de Minas. Ele ainda nos diz que: “Territorialmente considerada, a Paróquia Santo Antônio naquela época era um pouco maior do que a própria Prelazia Nullius, criada somente 174 anos depois; era bem mais extensa que a atual Diocese de Paracatu, porém abrangendo exatamente o território que hoje é a Diocese. Por isso podemos dizer que, de certa forma, a história de uma e outra - da Paróquia e da Diocese - se justapõe, se identifica, se confunde uma com a outra. Não há como comemorar os 250 anos da Paróquia Santo Antônio separadamente do Jubileu de Diamante da Prelazia/Diocese. Não nos parece bem comemorar os 75 anos da Igreja Particular prescindindo do passado da Paróquia. A história, praticamente é uma só. Uma história longa e bela. Cheia de luzes e de sombras. Marcada por alegrias e dores. Uma história de sorrisos e lágrimas. Escrita por santos e pecadores. Seus anais registram atos de heroísmo e de covardia. Aí encontramos grandeza e mesquinhez. Brilham grandes  virtudes em meio a vícios lamentáveis.”(Informativo Diocesano. Paracatu.  Julho/agosto 2005)
Fazendo parte das comemorações deste ANO DIOCESANO, haverá o lançamento do livro do historiador, memorialista e ensaísta paracatuense Oliveira  Mello que nos conta esta história aludida acima pelo atual bispo diocesano Dom Leonardo.

A Igreja de  Paracatu: 250 anos

O livro, A Igreja de Paracatu nos caminhos da história, chancelado pela Diocese de Paracatu é uma segunda edição de obra homônima lançada em 1987. Mas isso é dizer pouco. A primeira edição teve 202 páginas. A que ora virá a lume em Paracatu nas comemorações do ANO DIOCESANO, foi totalmente revista, ampliada e atualizada e possui 688 páginas, além de mais de uma centena de ilustrações, entre fotografias, mapas, desenhos e  documentos  fac-similados. E uma primorosa apresentação gráfica com vinhetas e capitulares.
O autor, incansável pesquisador deste e de outros assuntos da história regional, completa com esta monumental obra o seu quadragésimo quinto livro publicado.  Ali, que dentro da História das Religiões é tipificado por especialista como parte da temática “História eclesiástica",  Mello,  estuda os antecedentes,  o “...funcionamento, estrutura e organização do clero e da  pregação  religiosa, incluindo as formas de proselitismo religioso...” de 250  anos  da  Paróquia de Santo Antônio do Manga do Paracatu, criada por Dom Francisco Xavier Aranha,  Bispo de Olinda – Pernambuco - , em 1755.  Mesmo a despeito de em 1745, haver sido criado o Bispado de Mariana em Minas Gerais, devido às peculiaridades da administração civil e eclesiástica portuguesa que inclusive terá ressonância no Brasil imperial, a Paróquia de Paracatu continuará a pertencer à de Olinda até  1854.
Passando pela formação histórica de Paracatu, Oliveira Mello nos mostra além dos primeiros párocos dos períodos Colonial e Imperial, o período da Prelazia sob  Dom Elizeu – que merecidamente  teve destaque diferenciado – até ao atual Bispo Dom Leonardo.  Entretanto não se esquece dos paroquianos que acalentaram e mantiveram e ainda possuem esta pujante fé por dois séculos e meio. 
E neste belo e difícil percurso da história eclesiástica, Oliveira Mello nos detalha também que a “Igreja de Paracatu” já pertenceu às Dioceses de Pernambuco,  Diamantina, Uberaba,  Montes Claros e que só depois de Prelazia é que houve a criação da  Diocese  em 1962.
E se no capítulo “A diocese por dentro” ele nos apresenta um retrato dos pastores (religiosos e religiosas) e suas obras da Sede Diocesana atualmente,  no  capítulo “Paróquias”,  nos revela a história e uma verdadeira radiografia de todas as 18 paróquias  da  Diocese. Neste capítulo, apesar de não ser este o seu escopo, Oliveira Mello nos brinda com algumas pequenas e inéditas histórias destes municípios que formam a Diocese. Alguns deles, como por exemplo, Dom Bosco, foi criado apenas em 1995.
Amanhã, quem se aventurar em fazer uma história das mentalidades e da Religião em Minas Gerais terá que seguramente consultar esta basilar A Igreja de Paracatu nos caminhos da história e seguir as trilhas e os mananciais documentais que Oliveira Mello trilhou e bebeu ou ela ficará truncada.

* Professor de História na  Rede Municipal de  Ensino de Patos de Minas
Folha Patense, 13.08.2013, p. 6

Os ipês uivam



Os ipês uivam


Os ipês não ladram
os ipês uivam
como a Natureza
com o silêncio
e não são ouvidos

Os homens gritam
gritam, vociferam
como sirenes
e não são ouvidos

Cada flor caída
no chão frio
somente a Natureza
escuta aflita
e chora o parto
do fruto

Cada homem caído
no asfalto sujo
somente o vazio da cidade
escuta alienado
e esquece o parto
da morte

O ipê uiva
O homem chora

O ipê continua florido
mesmo sem flores
O homem continua nu
mesmo com suas roupas baratas e coloridas de bazar.

José Eduardo de Oliveira
01.10.13

Recuerdos de 80 ou será 70?



Recuerdos de 80 ou será 70?

Os soturnos coturnos
estão brilhando com a  Nugget
(preta como aqueles tempos)

E em breve eles estarão
chutando a bunda e as canelas
de estudantes
na Avenida Álvares Cabral em BH.

Os cães pastores alemães
(isso rima) e é uma solução:
ladram e mordem estudantes que no momento não estão estudando:
estão fazendo História Pátria.

CENA 1

O cão mordeu o estudante assustado.
O  soldado assustado puxa o cão.
O cão assustado não entendia nada.

O soldado entendia?
O estudante entendia?
Eu entendia?

O general, lá em Brasília: entendia?

CENA 2

Isso não entediava.

CENA 3

Entra em cena a cavalaria com sabre e tudo.
Correria pela rua Bahia, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Tupis (onde tinha o Bar Bahia).
Civis, militares, estudantes, cavalos e bolinha de gudes.
Os cavalos sonham em ser cães...
Os homens são cavalos e cães mas parecem ratos fêmeas.
Os generais sonham com um Brasil grande:
sem estudantes, sem cérebros:
um país do futuro com muita usina, muita rodovia, muita mentira e ordem e progresso.

Ordem do dia:
Estudante tem que estudar
Cavalo tem que ser montado
Soldado tem que soldar?

Ou saudar a Pátriamadaidolatradamém?

CENA 4

Quem acendeu a luz?
Ou isso é um holofote?
- Escondam-se!

Caro Tonhão



Caro Tonhão,

             Veja só, depois de dez anos, olha só o que consegui escrever depois de uma semana em Mariana:

“Estou só, novamente. Mas estou pensando. No velho Xodó. Praça da Catedral a velha “ebúrnea” do Alphonsus. E estou quase igual a ele nos seus estados etílicos.
Daqui, a Catedral do órgão pode ser vista com o seu frontão nem tanto ebúrneo, mas lúgubre. Mariana é fria e triste. No entanto é menos frio e mais alegre que Villa Rica.
Gostaria de estar agora lá. Mas os “miasmas pestilenciais” e etílicos, seguramente me aprisionariam naquele antro por um período além do que aos das minhas possibilidades e necessidades hoje.
Tenho e sinto saudades de Mariana e Caio. A Ná: A Ná?
Considero que esta viagem a Mariana e a este X Encontro da ANPUH, será muito importante para mim. Revi amigos
 ( poucos - mas sempre tive poucos amigos, apesar de amar a todos,  a meu modo). Revi coisas e memórias. REVI-ME!
- E os meus sonhos, anseios e projetos inconclusos, mas estão vivos! Muito vivos. Por que estou vivo.
Mariana cresceu nestes últimos 10 anos, o que era de se esperar, mas se o cidadão, ficasse sentado nesta mesma praça desta Leal Cidade: pouco notaria.
Amo a pouca mutabilidade destas cidades ( O . P. e Mariana). Minha filha, Mariana, foi uma homenagem óbvia.
 Mas os problemas sociais, como disse o Professor Lázaro, de uma cidade: turística, histórica, mineradora, real e universitária são inúmeros. Há geração de marginalizados e excluídos.
Clube marianense mais vazio que eu.
Julho/1996/ Mariana.”

Ou fiquei dez anos mais idiota, ou realmente não tinha nada para escrever e pensar. Ou não dei conta. De qualquer forma escrevi.  E cai na noite enxundiosa da Velha Ribeirão do Carmo. E ouvia: “Ó doente, ribeirão do Carmo...”.
E o pior é que voltei  em novembro do mesmo ano: Minas Gerais: 300 anos. Desta vez, não escrevi nada, mas fiz minha inscrição em alguma coisa, talvez, num sorriso de uma mulher solitária ...ao amanhecer...
O ICHS e aqueles anos inquietos (e loucos) ainda estão à espera de seu cronista. Nós vivemos alí, exatamente fim do período militar. Fui em 1982 e voltei em 1986. Se o Brasil continuou o mesmo. Eu mudei. Eu forjei o meu presente e o meu futuro. Dentro das velhas “circunstâncias” do velho Karl. Só que depois, esqueci tudo isso.  Mas em algum lugar da minha memória existe a gestação de outros amanhãs.  Mais fecundos, seguramente.



Te mando também, uma reprodução “scanneada”, em preto e branco (não consegui faze-lo a cores), esta aquarela, para mim, bem superior ao quarto de Van Gogh (Quarto do artista em Arles - 1889) (desculpe a comparação).  Nas costas da moldura, num momento de lembranças escrevi:

“Este quarto de dormir e estudar representava para ele nos últimos dias do mísero ano de 1986 a um último refúgio.
Ainda que se assemelhasse mais com o inferno do que qualquer outra coisa.
Ele já havia perdido a mulher (mulher não tem dono) depois perderia de fato seu velho pai.
Mas não se desesperou.
Pintou  o inferno na sua aparente tranqüilidade e foi-se embora rumo à noite” 
 -  1988.

Amigo,

Vou ficando por aqui, um forte abraço.
Patos de Minas, 03/11/99