quarta-feira, 3 de abril de 2019

Os ipês e as fezes


Os ipês e as fezes

Este ano os ipês amarelos começaram extraordinariamente a florir em julho. Em toda a natureza, mesmo nesta época de calor e queimadas enfeando o mundo, os ipês ainda que na cidade, é um raro alento visual e poético.
Acredito, não sei bem, que as flores do ipê não possuam uma fragrância que se espalha pelo dia como em  algumas florescências como das mangas, laranjas e limoeiros e à noite como a “dama  da noite”, por exemplo. No máximo atraem os insetos da fecundidade com algum tipo de olor.
Mas neste mesmo mês de julho de ano eleitoral provavelmente as flores espetaculares dos ipês mesmo que tivessem o maior aroma de todos os aromas não seriam suplantados pelas fezes, digo, pelos políticos que também desabrocham neste julho infectado de candidatos.
Como se terra defecasse para cima e estes candidatos brotassem como cogumelos venenosos nas vias públicas em excrementos ainda fumegantes.
Alguns neófitos abordam transeuntes como se todo ser vivente fosse um incauto eleitor/vítima. Os apertos de mãos tornam-se mais vigorosos e os abraços deixam nos possíveis eleitores aquela carniça indelével de candidato, que propalam juntamente com seus miasmas: “Eu sou o novo, precisamos renovar!”.
Os que foram candidatos e não foram eleitos em outras disputas, apesar de tentarem maquiar suas pútridas essências com loções, desodorantes, laquê e gel (fundamentais nesse processo), deixam o eleitorado sem ar, tal o fedor de suas presenças.
Já os que ainda estão no poder e que ficaram invisíveis e só se faziam sentir como flatulências nas tribunas e gabinetes, mesmo que tenham feito só merda, convictos “do dever cumprido”, flanam pelos logradouros públicos como se alguém tivesse atirado merda num grande ventilador que tivesse a capacidade de espalhar fedentina pelos quatro ventos do mundo em decomposição.
Estes últimos são os piores, nobres colegas que nunca souberam ou tiveram a autocrítica de inventar uma forma – já que são prestidigitadores em iludir seus eleitores e o povo em geral – de pular dentro do vaso e dar descarga em si mesmos.  Roma possuía a “Cloaca Máxima”, Patos de Minas possui o Rio Paranaíba. Pobre patenses.
A solução mesmo, já que não sentiremos mesmo o perfume sutil das deslumbrantes flores dos ipês e somente o fétido e infeccioso cheiro de fezes em decomposição dos candidatos, o jeito mesmo é:  1) não sair de casa; 2) se sair usar máscaras; 3) não ligar rádio ou televisão, pois estes aparelhos exalam a fedorentina deles e 4) como diria Manuel Bandeira: “A única coisa a fazer é tocar um tango argentino”...


José Eduardo de Oliveira -
28.07.16

Ps. Se quiser mesmo cumprir com seu dever cívico em outubro, sugiro então que vote nos meus candidatos (devido às últimas vísceras expostas eles mudaram ou renegaram seus antigos partidos): Walter Closet e Mickey Tório.


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