Ah! Se os augures e a desgraça vaticinassem e conspirassem,
pelo menos uma vez contra os políticos corruptos brasileiros e eles fossem
lançados inclementemente nas profundezas mais profundas das regiões mais
fétidas e fervilhantes do reino de Belzebu, já seria uma recompensa para esse
País onde tantos idiotas e incautos perecem sob a graça de Deus à espera de um
milagre onde os safados se redimissem ou pelo menos cumprissem um dia de pena
na cadeia...
Novamente os
emblemáticos “os idos de março”. E o eterno retorno da ilusão que a “casa irá
cair”, como Cesar mortalmente em 15 de março de 44 a.C.
Primeiro,
provavelmente, com Plutarco (em Vidas
comparadas): “Diversas pessoas contam, ainda hoje, que um adivinho
aconselhou a César que ficasse em guarda contra um grande perigo pelo qual
estava ameaçado para o dia que os Romanos chamam de Idos de Março (15 março); e
que naquele dia, César, indo ao Senado, encontrou o adivinho, cumprimentou-o, e
disse-lhe, zombando de sua predição: ´Pois hem, eis os Idos de Março chegados´.
Ao que o adivinho respondeu baixinho: ´Sim, chegaram; mas ainda não passaram.`”
Suetônio, na
mesma época ou um pouco depois (em A vida
dos Doze Césares), nos informa que “Enquanto César imolava uma vítima,
advertiu-o o arúspice Spurina de que se cuidasse de um perigo que lhe não
adviria senão depois dos idos de março. (...) [No dia 15] ...após haver imolado
várias vítimas, sem obter presságios favoráveis, entrou na Cúria, desdenhoso da
religião, a zombar de Spurina e a tratá-lo de mentiroso, pois para ele os idos
de março haviam chegado sem nenhum acidente. A isso, responderam-lhe ´que
tinham chegado, mas não tinham passado ainda.` (...) Morreu aos cinquenta e seis
anos de idade (...) Decidiu-se a seu respeito: amurar a Cúria onde fora
assassinado; dar aos idos de março o nome de ´parricida` e jamais convocar-se o
Senado para aquele dia.”
Cerca de 1500
anos depois, o genial plagiador desta fatídica história contada por Plutarco e
Suetônio, Shakespeare (em Júlio Cesar),
provavelmente maquiando o texto do primeiro ou do segundo, nos ressuscitam os
idos de março em quatro dos cinco atos de sua tragédia.
Primeiro
Ato:
“Adivinho - Tem
cuidado com os idos de março!
Bruto – Um
indivíduo; manda acautelardes-vos com os idos de março (...).
César – É um
sonhador. Deixemo-lo. Sigamos!”
Segundo Ato:
“Bruto – Vai
deitar-te novamente; ainda é noite”. (...) não são os idos, amanhã, de março? (...)”
Terceiro Ato:
“César – (ao
adivinho) – Chegaram os idos de março.
Advinho – É
certo César; porém ainda não passaram.”
Quarto Ato:
“Bruto –
Recordai-vos de março! O grande Júlio não sangrou com justiça?...”
Oh! Neste
momento, os cães farejadores de sangue e carne pútrida do planalto central
salivam. Quanta ânsia que a tragédia que se abateu sobre César, nos idos de
março romano desmorone também sobre a comédia de nossa história brasiliense. Lula, Dilma, Temer, Delcidio, Eduardo et
caterva, animais inferiores que sequer rastejaram e rastejarão na História pelo
caminho trilhado por César. São césares ou brutus?
Quanta ilusão!
César será assassinado ainda milhares de vezes antes que esses ridículos bufões
com ares republicanos nem sejam julgados quanto mais condenados.
Os augures,
mostram os Brutus, os Pompeus e Crassos do Planalto Central, que se rejubilam,
prontos para vitimizar um novo César e abocanhar o osso descarnado da Nação.
Para eles, os
idos de março ainda não chegaram, mas eles darão um jeito de pagarem uma
propina para que o calendário seja adiantado.
Ou chegaram? E
foi numa sexta-feira, em que começaram a sorver o destilado amargo que fermentaram
com as bactérias pegajosas e espúrias do poder?
Vivesse César
neste espaço e neste tempo, sobreviveria aos idos de março, não há aqui,
ninguém nem para confessar seus crimes contra a Pátria ou cometer seus crimes
para livrar a Pátria de tantos criminosos nefastos e vergonhosos.
“O tempora! O
mores”, também nunca tivemos um Cícero! (06.03.17)
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