quarta-feira, 3 de abril de 2019

A musa-diva Janis Joplin diante do presente me conduzindo às origens


A musa-diva Janis Joplin diante do presente me conduzindo às origens

Estava caído de  e alguém se aproximou tentando me virar, mas como eu estava pesando mais de oitenta, não conseguiu,  apesar disso, me mandou insistentemente me virar de lado.
Depois de mais uma tentativa e ver que era inútil naquela ocasião o “s.o.s” disse:
- Eu te falei, para ficar careta, você não se desgruda de seu passado.
E continuou:
- Desvira, respira fundo e dê uns peidos.
Quando olhei direito para aquele pedaço de ser humano, minúsculo e ameaçador, vi que era a Janis Joplin que havia morrido há uns vinte anos, no mínimo. Aí pude perceber que realmente eu estava mal. Muito mal e deitado naquelas pedras frias, no meio da rua, no meio da noite. E eu não sabia onde, eu pensei ser Villa Rica.
Janis então me olhou com muita pena e disse:
- Se  eu fosse você eu trocava de vício. E de empresário.
Não respondi nada. O que deveria responder para um fantasma tão importante e que sabia das coisas?
Acho que apaguei, mas continuava a ouvir a JJ, que me disse:
- Cê  já pensou se tivéssemos nascidos mortos  ou na época do  Chopin, nós teríamos menos espaços na mídia e nos conceito dos jovens, nossos últimos admiradores!
E apaguei de novo, só que agora estava virado com a barriga para cima. E assim permaneci até acordar sob os acordes de  “Cry Baby” daquela coisinha branca descabelada e chapada e que tinha transado com o Leonard Cohen, aleluia! Dessa vez, agora tinha certeza que estava fodido mesmo. E talvez tenha morrido e já estava ouvindo a própria voz do Belzebu que era mulher.
No entanto eu me sentia sem ressaca, sem fossa e bem feliz!

José Eduardo de Oliveira
08.07.16

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