Estava caído de e alguém se aproximou tentando me virar, mas
como eu estava pesando mais de oitenta, não conseguiu, apesar disso, me mandou insistentemente me virar
de lado.
Depois de mais uma tentativa e ver que
era inútil naquela ocasião o “s.o.s” disse:
- Eu te falei, para ficar careta, você
não se desgruda de seu passado.
E continuou:
- Desvira, respira fundo e dê uns
peidos.
Quando olhei direito para aquele pedaço
de ser humano, minúsculo e ameaçador, vi que era a Janis Joplin que havia
morrido há uns vinte anos, no mínimo. Aí pude perceber que realmente eu estava
mal. Muito mal e deitado naquelas pedras frias, no meio da rua, no meio da
noite. E eu não sabia onde, eu pensei ser Villa Rica.
Janis então me olhou com muita pena e
disse:
- Se
eu fosse você eu trocava de vício. E de empresário.
Não respondi nada. O que deveria
responder para um fantasma tão importante e que sabia das coisas?
Acho que apaguei, mas continuava a ouvir
a JJ, que me disse:
- Cê
já pensou se tivéssemos nascidos mortos
ou na época do Chopin, nós teríamos
menos espaços na mídia e nos conceito dos jovens, nossos últimos admiradores!
E apaguei de novo, só que agora estava
virado com a barriga para cima. E assim permaneci até acordar sob os acordes
de “Cry Baby” daquela coisinha branca
descabelada e chapada e que tinha transado com o Leonard Cohen, aleluia! Dessa
vez, agora tinha certeza que estava fodido mesmo. E talvez tenha morrido e já
estava ouvindo a própria voz do Belzebu que era mulher.
No entanto eu me sentia sem ressaca, sem
fossa e bem feliz!
José Eduardo de Oliveira
08.07.16
Nenhum comentário:
Postar um comentário