quinta-feira, 16 de junho de 2022

Estou na margem

 

Estou na margem

Nunca chegarei na “Terceira margem do rio”. Nem na segunda. Aliás, sequer sai da primeira.

Só embarquei em canoas furadas. Umas estreitas e toscas. Outras imensas brancas e lindas. Outras frágeis, pardas. Essas é que me levaram mais longe.

Mas antes do meio, soçobravam cheias das águas da amargura.

Na verdade, na verdade mesmo sempre quis ir, sair de minha mísera margem.  Onde o  cotidiano oprimia mais que a incerteza de não saber o que existia além daquelas águas de minha margem.

Onde o meu passado não me permitia navegar para lugar nenhum. E o meu futuro tornava distante qualquer outro lado do porvir.

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