Estou na margem
Nunca chegarei na “Terceira margem do rio”. Nem na segunda. Aliás, sequer sai da primeira.
Só embarquei em canoas furadas. Umas estreitas e toscas. Outras imensas brancas e lindas. Outras frágeis, pardas. Essas é que me levaram mais longe.
Mas antes do meio, soçobravam cheias das águas da amargura.
Na verdade, na verdade mesmo sempre quis ir, sair de minha mísera margem. Onde o cotidiano oprimia mais que a incerteza de não saber o que existia além daquelas águas de minha margem.
Onde o meu passado não me permitia navegar para lugar nenhum. E o meu futuro tornava distante qualquer outro lado do porvir.
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