Diagnóstico pré e pós pandemia
Já não eram boas as relações familiares desde:
Até que a morte os ignore.
Mas vieram os filhos...
A perpetuação da espécie
Quase como um diagnóstico.
Junto com o sangue
Veio o atavismo
Mas...
Adoro os mas, eles são covardes
Mas, olha só, de novo, não infectam ninguém,
Não enquanto estão olhando.
Mas começo a perder o sentido do sentido
Ou dos sentidos.
A primeira sensação é que entre
Os avisos de não-velórios
As certezas que nunca mais
Olharemos aqueles olhos
E nem sentiremos o calor
Daquelas mãos
Daquelas mãos
- mãos que falavam...
Mãos memórias.
Hoje mãos medo, não toque as mãos, nem das mães...
E das crianças..
Mas vidas não existem mais
E Castro Alves, clamou:
Onde estás que não respondes?
[jamais responderá]
E lá fora
Um animal que se acha macho alfa
Devora não só seus filhotes
E a matilha toda
[mas defeca antes em tudo]
Mas só descobrirá
Quando um dos lobos
Vomitar seus ossos
Podres...
Diagnóstico:
O vírus afeta a memória e o amor.
Antes da receita inútil, uma pergunta:
Tem remédio para essas duas coisas?
Cloroquina...
A primeira, a memória realmente foi afetada
Antes da pandemia.
Mas agora, não febril, mas insano, que é
Uma espécie de febre mais grave
Percebi que perdia a memória:
Alguns sobreviventes diante de mim
Simulam que são meus filhos, minha neta e
Minha mulher.
Não me lembro deles.
Eles se lembram de mim
Como eu era?
Também a fala, a audição, na verdade, a comunicação
Foi comprometida, como um pulmão 99%
Não, entendo o que falam e eles não me
Entendem...
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