segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Olegário Maciel, um grande patense.



Olegário Maciel, um grande patense.

José Eduardo de Oliveira*

Dentre os patenses ilustres, destaca-se Olegário Dias Maciel, como uma referência, impar no cenário municipal, estadual e nacional. Patense, sim, apesar de nascido em Bom Despacho. Esta é a defesa irrefutável, que nos apresentou o advogado, Dílson Abel Pacheco: “Alegar que ele aqui não nasceu para recusar-lhe tal condição seria ridículo. Para aqui veio, com seus pais, aos dois anos de idade (1.858). Aqui viveram todos os seus 14 irmãos, sendo que 13 aqui nasceram. Aqui permaneceram seus pais até a morte. Aqui estudou as primeiras letras..”.[1]
Olegário Maciel nasceu em Bom Despacho (1855), era filho de Antônio Dias Maciel e Flaviana Rosa da Silva Maciel. Faleceu, no dia 5 de setembro de 1933.
Sua biografia, já seria completa e grandiosa, apenas pelos três anos que exerceu o mandato de presidente (1930-33), como eram chamados os governadores de Minas. Porque, de sua posse, passando pelos tumultuados dias da “Revolução de 30” - em que foi um dos líderes -, e até seu mandato interrompido em 33, foram momentos de firmeza ética e grandiosidade de caráter, onde apenas os grandes estadistas sobreviveriam incólumes, tamanhas as pressões sofridas principalmente por adversários políticos e outras adversidades. Foi o único governante a manter-se no governo de seu estado após a “revolução gloriosa”, pois Vargas nomeou interventores para todos os outros.
Olegário Dias Maciel veio de uma família, os Maciéis, que segundo Cid Rebelo Horta, descenderia da “célebre matriarca”, Joaquina Bernarda da Silva de Abreu Castelo Branco Oliveira Campos. “...mais conhecida pela alcunha de Joaquina do Pompeu”[2]. Se os Maciéis e outros mineiros de sua geração, não foram grandes potentados, foram fazendeiros, boticários, juristas, intelectuais e, sobretudo políticos. Assim, sua trajetória nos mostra não um político profissional, mas um profissional que não se omitiu e foi político, numa época que a política exigia sacrifícios físicos e financeiros.
Olegário Maciel, estudou no Colégio Caraça, depois diplomou-se engenheiro pela Politécnica do Rio de Janeiro em 1878. No período Imperial elegeu-se deputado provincial em 1883. Já no período Republicano, como deputado estadual em 1890, participou da Constituinte Mineira. Depois deputado federal até 1911. Em 1922, foi eleito vice-presidente de Raul Soares e por duas vezes assumira interinamente a presidência do Estado, depois, em 1930, pelo voto. Antes, porém, em 1926, foi eleito para o Senado Estadual (o Congresso mineiro era bicameral) e depois para o Senado Federal.
Patense, como foi dito, Olegário Maciel, sempre retornaria a Patos de Minas, possivelmente para rever amigos e parentes e “trocar idéias” e revigorar-se com os conselhos dos conterrâneos, além de semear aqui o seu contributo político. Isso ocorreu após sua formatura e aqui, sua carreira política seria iniciada de forma indelével: eleito vereador e depois Presidente da Câmara (l883-6; 1892-4; 1907-13), cargo correspondente ao de Prefeito hoje. Ainda, segundo Oliveira Mello, Olegário Maciel foi um benfeitor de Patos de Minas, “...a quem devemos as seguintes obras: Hospital Regional, prédio da Escola Estadual ‘Marcolino de Barros’, edifício do Fórum ‘Olympio Borges, criação e construção do prédio da Escola Estadual ‘Prof. Antônio Dias Maciel’...”[3]. Outrossim, segundo Geraldo Fonseca, “...a 7 de janeiro de 1887 foi empossado no cargo de Juiz de Paz do Distrito da Vila de Santo Antônio dos Patos...”[4]. Sem contar que foi agricultor e funcionário público estadual e federal.[5]
Se existiram e ainda existem os chamados “grandes homens” ou “grandes vultos” de nossa História é porque eles foram apoiados pelos seus conterrâneos e contemporâneos, e, sobretudo, porque apoiaram esse “grande povo” em seus anseios e lutas. E seguramente, sem o povo patense, não haveria o presidente Olegário Dias Maciel.


* Professor de História -03/01/2001.

NOTAS


[1] PACHECO, Dílson Abel. Olegário Maciel: Um patense que foi líder civil da pátria. In: A Debulha. Patos de Minas, 31/01/83. p. 19-20.
[2] HORTA, Cid Rebelo. Famílias Governamentais de Minas Gerais. In: Segundo seminário de estudos mineiros. Belo Horizonte: Universidade de Minas Gerais. 1956. p. 43-91.
[3] OLIVEIRA MELLO, Antônio de. Patos de Minas: minha cidade. Patos de Minas: Academia Patense de Letras, l982. p. 111.
[4] FONSECA, Geraldo. Domínios de pecuários e enxadaxins: História de Patos de Minas. Belo Horizonte: Ingrabras, 1974.
[5] MACIEL, Olegário. Dicionário da Elite Política Republicana (1889-1930).http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/MACIEL,%20Oleg%C3%A1rio.pdf. Acesso em 2001.

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