Olegário Maciel, um grande patense.
José Eduardo de
Oliveira*
Dentre os
patenses ilustres, destaca-se Olegário Dias Maciel, como uma referência, impar no
cenário municipal, estadual e nacional. Patense, sim, apesar de nascido em Bom Despacho. Esta
é a defesa irrefutável, que nos apresentou o advogado, Dílson Abel Pacheco:
“Alegar que ele aqui não nasceu para recusar-lhe tal condição seria ridículo.
Para aqui veio, com seus pais, aos dois anos de idade (1.858). Aqui viveram
todos os seus 14 irmãos, sendo que 13 aqui nasceram. Aqui permaneceram seus
pais até a morte. Aqui estudou as primeiras letras..”.[1]
Olegário
Maciel nasceu em Bom
Despacho (1855), era filho de Antônio Dias Maciel e Flaviana
Rosa da Silva Maciel. Faleceu, no dia 5 de setembro de 1933.
Sua biografia,
já seria completa e grandiosa, apenas pelos três anos que exerceu o mandato de
presidente (1930-33), como eram chamados os governadores de Minas. Porque, de
sua posse, passando pelos tumultuados dias da “Revolução de 30” - em que foi um dos líderes
-, e até seu mandato interrompido em 33, foram momentos de firmeza ética e
grandiosidade de caráter, onde apenas os grandes estadistas sobreviveriam
incólumes, tamanhas as pressões sofridas principalmente por adversários
políticos e outras adversidades. Foi o único governante a manter-se no governo
de seu estado após a “revolução gloriosa”, pois Vargas nomeou interventores
para todos os outros.
Olegário Dias
Maciel veio de uma família, os Maciéis, que segundo Cid Rebelo Horta, descenderia
da “célebre matriarca”, Joaquina Bernarda da Silva de Abreu Castelo Branco
Oliveira Campos. “...mais conhecida pela alcunha de Joaquina do Pompeu”[2].
Se os Maciéis e outros mineiros de sua geração, não foram grandes potentados,
foram fazendeiros, boticários, juristas, intelectuais e, sobretudo políticos.
Assim, sua trajetória nos mostra não um político profissional, mas um
profissional que não se omitiu e foi político, numa época que a política exigia
sacrifícios físicos e financeiros.
Olegário
Maciel, estudou no Colégio Caraça, depois diplomou-se engenheiro pela
Politécnica do Rio de Janeiro em 1878. No período Imperial elegeu-se deputado
provincial em 1883. Já no período Republicano, como deputado estadual em 1890,
participou da Constituinte Mineira. Depois deputado federal até 1911. Em 1922,
foi eleito vice-presidente de Raul Soares e por duas vezes assumira interinamente
a presidência do Estado, depois, em 1930, pelo voto. Antes, porém, em 1926, foi
eleito para o Senado Estadual (o Congresso mineiro era bicameral) e depois para
o Senado Federal.
Patense, como
foi dito, Olegário Maciel, sempre retornaria a Patos de Minas, possivelmente
para rever amigos e parentes e “trocar idéias” e revigorar-se com os conselhos
dos conterrâneos, além de semear aqui o seu contributo político. Isso ocorreu
após sua formatura e aqui, sua carreira política seria iniciada de forma indelével:
eleito vereador e depois Presidente da Câmara (l883-6; 1892-4; 1907-13), cargo
correspondente ao de Prefeito hoje. Ainda, segundo Oliveira Mello, Olegário
Maciel foi um benfeitor de Patos de Minas, “...a quem devemos as seguintes
obras: Hospital Regional, prédio da Escola Estadual ‘Marcolino de Barros’, edifício
do Fórum ‘Olympio Borges, criação e construção do prédio da Escola Estadual ‘Prof.
Antônio Dias Maciel’...”[3].
Outrossim, segundo Geraldo Fonseca, “...a 7 de janeiro de 1887 foi empossado no
cargo de Juiz de Paz do Distrito da Vila de Santo Antônio dos Patos...”[4].
Sem contar que foi agricultor e funcionário público estadual e federal.[5]
Se existiram
e ainda existem os chamados “grandes homens” ou “grandes vultos” de nossa
História é porque eles foram apoiados pelos seus conterrâneos e contemporâneos,
e, sobretudo, porque apoiaram esse “grande povo” em seus anseios e lutas. E seguramente,
sem o povo patense, não haveria o presidente Olegário Dias Maciel.
* Professor de História -03/01/2001.
NOTAS
[1] PACHECO, Dílson Abel. Olegário Maciel: Um patense que
foi líder civil da pátria. In: A Debulha.
Patos de Minas, 31/01/83. p. 19-20.
[2] HORTA, Cid Rebelo. Famílias Governamentais de Minas
Gerais. In: Segundo seminário de estudos
mineiros. Belo Horizonte: Universidade de Minas Gerais. 1956. p. 43-91.
[3] OLIVEIRA MELLO, Antônio de. Patos de Minas: minha cidade. Patos de Minas: Academia Patense de
Letras, l982. p. 111.
[4] FONSECA, Geraldo. Domínios de pecuários e enxadaxins: História de Patos de Minas.
Belo Horizonte: Ingrabras, 1974.
[5] MACIEL,
Olegário. Dicionário da Elite Política
Republicana (1889-1930).http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/MACIEL,%20Oleg%C3%A1rio.pdf.
Acesso em 2001.
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