sábado, 7 de março de 2020

Os idos e vindos de março, de novo?


Os idos e vindos de março, de novo?

“... a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa.  K.M.

Ah!  Se os augures e a desgraça vaticinassem e conspirassem, pelo menos uma vez contra os políticos corruptos brasileiros e eles fossem lançados inclementemente nas profundezas mais profundas das regiões mais fétidas e fervilhantes do reino de Belzebu, já seria uma recompensa para esse País onde tantos idiotas e incautos perecem sob a graça de Deus à espera de um milagre onde os safados se redimissem ou pelo menos cumprissem um dia de pena na cadeia, cadeia de verdade,  junto com os que foram ludibriados ...
Novamente os emblemáticos “os idos de março”. E o eterno retorno da ilusão que a “casa irá cair”, ou o povo será a carroça da História, ainda que conduzida e levando asnos, como Cesar mortalmente em 15 de março de 44 a.C.
Primeiro, provavelmente, com Plutarco (em Vidas comparadas): “Diversas pessoas contam, ainda hoje, que um adivinho aconselhou a César que ficasse em guarda contra um grande perigo pelo qual estava ameaçado para o dia que os Romanos chamam de Idos de Março (15 março); e que naquele dia, César, indo ao Senado, encontrou o adivinho, cumprimentou-o, e disse-lhe, zombando de sua predição: ´Pois hem, eis os Idos de Março chegados´. Ao que o adivinho respondeu baixinho: ´Sim, chegaram; mas ainda não passaram.`”
Suetônio, na mesma época ou um pouco depois (em A vida dos Doze Césares), nos informa que “Enquanto César imolava uma vítima, advertiu-o o arúspice Spurina de que se cuidasse de um perigo que lhe não adviria senão depois dos idos de março. (...) [No dia 15] ...após haver imolado várias vítimas, sem obter presságios favoráveis, entrou na Cúria, desdenhoso da religião, a zombar de Spurina e a tratá-lo de mentiroso, pois para ele os idos de março haviam chegado sem nenhum acidente. A isso, responderam-lhe ´que tinham chegado, mas não tinham passado ainda.` (...) Morreu aos cinquenta e seis anos de idade (...) Decidiu-se a seu respeito: amurar a Cúria onde fora assassinado; dar aos idos de março o nome de ´parricida` e jamais convocar-se o Senado para aquele dia.”
Cerca de 1500 anos depois, o genial plagiador desta fatídica história contada por Plutarco e Suetônio, Shakespeare (em Júlio Cesar), provavelmente maquiando o texto do primeiro ou do segundo, nos ressuscitam os idos de março em quatro dos cinco atos de sua tragédia.
Primeiro Ato: 
“Adivinho - Tem cuidado com os idos de março!
Bruto – Um indivíduo; manda acautelardes-vos com os idos de março (...).
César – É um sonhador. Deixemo-lo. Sigamos!”
Segundo Ato:
“Bruto – Vai deitar-te novamente; ainda é noite”. (...) não são os idos, amanhã, de março? (...)”
Terceiro Ato:
“César – (ao adivinho) – Chegaram os idos de março.
Advinho – É certo César; porém ainda não passaram.”
Quarto Ato:
“Bruto – Recordai-vos de março! O grande Júlio não sangrou com justiça?...”
Oh! Neste momento, os cães farejadores de sangue e carne pútrida do planalto central salivam. Não interessa se a carne seja de plebeu ou da falsa nobreza...Quanta ânsia que a tragédia que se abateu sobre César, nos idos de março romano desmorone também sobre a comédia de nossa história brasiliense.  Lula, Dilma, Temer, Bolsonaro et caterva, animais inferiores que sequer rastejaram ou rastejarão na História pelo caminho trilhado por César. São césares ou brutus?
Quanta ilusão! César será assassinado ainda milhares de vezes antes que esses ridículos bufões e bufonas com ares republicanos nem sejam julgados quanto mais condenados e se condenados continuam livres como os pardais ou os urubus.
Os augures, mostram os Brutus, as Messalinas, as Calpúrnias, os Pompeus e Crassos e outros roedores do Planalto Central, que se rejubilam e se unem, prontos para vitimizar ou divinizar  um novo César ou cesarina  e abocanhar ad aeternam o osso descarnado da Nação.
Para eles, os idos de março ainda não chegaram, mas eles darão um jeito de pagarem uma propina para que o calendário seja adiantado.  Ou chegaram? E todos os dias arautos velados em fakes, sorvem o destilado amargo que fermentaram com as bactérias pegajosas e espúrias do poder. Serão os três poderes eternos simulacros dos três patetas?
Vivesse César neste espaço e neste tempo, sobreviveria aos idos de março?  Não há aqui, ninguém nem para confessar seus crimes contra a Pátria ou cometer seus crimes para livrar a Pátria de tantos criminosos nefastos e vergonhosos.
Enquanto isso a vergonha chafurda com a mentira, na cama da miséria e das enfermidades endêmicas dessa triste Pátria...
“O tempora! O mores”, também nunca tivemos um Cícero!   

Texto publicado no blogspot em 06.03.17- maquiado hoje, 06.03.20


JEO, nihil.

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