Como era o Aleijadinho?
Retrato falado ou retrato forjado?
Notícias Jornal de Patos terça-feira,
agosto 04, 2020
Por José Eduardo de Oliveira
Para
Marilia que ficou sem Dirceu e sem um rosto, mas não perdeu nada.
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Aleijadinho
- Profeta Daniel em pedra sabão |
Depois de ler aqui, no Jornal de
Patos (24/07/2020), a matéria “Aleijadinho, de novo.”,
uma amiga fez a seguinte indagação: “Uma curiosidade. Você sabe se alguém
neste tempo todo fez o retrato do Aleijadinho?”.
Antes de tentar uma resposta mais ou menos plausível para essa interessante e
relevante pergunta, quero dizer que essa é mais uma das questões que envolvem
de forma apaixonada e complexa a biografia do escultor e arquiteto, Antônio
Francisco Lisboa – o Aleijadinho, nascido em Vila Rica (atual Ouro Preto) e lá
sepultado em 18 de novembro de 1814.
As outras questões que escrevemos naquela matéria são: quais as obras são
verdadeiramente suas? As datas de seu nascimento e morte, principalmente a primeira
e qual ou quais foram as suas doenças que lhe valeram o apelido de Aleijadinho?
E esta: como era o Aleijadinho, qual a sua fisionomia?
Para mim, mesmo a despeito de centenas de obras a seu respeito, mesmo muitas
sendo estudos sérios e profundos e que considero válidos e pertinentes em se
tratando da história de artistas do passado. Entretanto, exceto a data de seu
sepultamento, todas não passam de suposições, teses e algumas especulações e
depois de duzentos anos de sua morte, ainda permanecem envoltas em espessa
corrubiana. Aquela bruma, uma neblina molhada, fria e doce, que em sua época e
nos dias atuais ainda envolvem sua História, as pessoas, os campanários das
igrejas, os espectrais e magníficos casarios e toda a vetusta Vila Rica boa
parte do ano, sobretudo nos meses de junho e julho.
Penetremos nessa corrubiana...
Em 1858, seria publicado nos números 169 e 170, de 19 e 23 de agosto, no jornal
Correio Oficial de Minas de Ouro Preto a primeira biografia do Aleijadinho, “Traços
biográficos relativos ao finado Antônio Francisco Lisboa, distinto escultor mineiro,
mais conhecido pelo apelido de Aleijadinho”, de autoria do ouro-pretano,
Rodrigo José Ferreira Brêtas (1814-1866), que foi deputado provincial,
professor e advogado, mas se tornaria célebre, exatamente por essa polêmica
biografia.
Brêtas escreveu, 44 anos depois da morte do escultor e baseou-se em diversas
fontes e depoimentos, e o mais importante deles foi o colhido da octogenária
nora de Aleijadinho, Joana Lopes. É dela, portanto o primeiro retrato falado
que conhecemos:
“Antônio Francisco era pardo escuro, tinha voz forte, a fala arrebatada, e o
gênio agastado: a estatura era baixa, o corpo cheio e mal configurado, o rosto
e a cabeça redondos, e esta volumosa, o cabelo preto e anelado, o da barba
cerrado e basto, a testa larga, o nariz regular e algum tanto pontiagudo, os
beiços grossos, as orelhas grandes, e o pescoço curto.” E depois de
acometido por moléstias, a partir de 1777, “As pálpebras inflamaram-se, e
permanecendo neste estado, ofereciam à vista a sua parte interior; perdeu quase
todos os dentes, e a boca entortou-se, como sucede frequentemente ao
estuporado; o queixo e o lábio inferior abateram-se um pouco; assim, o olhar do
infeliz adquiriu certa expressão sinistra e de ferocidade...” (BRÊTAS,
1951, p. 23-4).
Tendo por base este retrato falado, provavelmente descrito pela nora do
biografado, o escultor, Luciomar Sebastião de Jesus, de Congonhas-MG, moldou em
argila uma herma que foi estampada no livro “Doenças e mistérios do Aleijadinho”
de Geraldo Barroso de Carvalho em 2005, um molde falado realmente convincente.
(CARVALHO, 2005, p. 263):
Há algum tempo, o pintor e escultor Elias Layon, de Mariana-MG., também,
reconstituiu em esculturas uma em cedro e a outra em pedra sabão e em pintura
como seria o Aleijadinho. E elas possuem alguma coisa de um retrato que se
tornou oficial, que em breve veremos, como o sobretudo e uma das mãos ocultas.
Estas obras se encontram expostas para visitação pública na Igreja São
Francisco de Assis em Ouro Preto-MG. (https://aleijadinho.com/biografia-do-aleijadinho/):
Entretanto, antes desses dois, inúmeros artistas também dentro de suas técnicas
procuraram reconstituir e retratar como seria a imagem do tão importante e
polêmico escultor.
Das representações mais conhecidas, uma delas é a do pintor e desenhista
chileno, radicado no Brasil, Henrique Bernardelli (Valparaiso, 1857-Rio de
Janeiro, 1937), em que nos mostra o escultor, candidamente trabalhando, no
interior da Igreja São Francisco de Assis em Ouro Preto, entre o clero e a
nobreza (Aleijadinho em Vila Rica, 1898-1904).
Outra representação das mais populares foi a do desenhista e caricaturista
Belmonte (1897-1947), que segundo Geraldo Guimarães Gama, seria “a
representação de Antônio Francisco Lisboa quando robusto e alegre, feito
segundo as indicações do historiador Ferreira Brêtas, em publicação de 1858. O
artista Belmonte atuava na imprensa paulista na década de 1940.”, que de certa
forma se tornaria quase que um retrato oficial do Aleijadinho, antes do outro
que falaremos depois. (GAMA, 2004, p. 82-3):
No ano em que se comemoravam o Bicentenário da morte de Aleijadinho, como
acontece de tempos em tempos, surgiu lá em Ouro Preto mais uma tentativa de
estabelecer um novo rosto para o escultor.
Antes de prosseguir, farei uma ligeira digressão.
O mesmo aconteceu e acontece sempre com a tentativa de estabelecer um perfil
para o Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (1746-1792), que
desde o século XIX, tentam arrumar uma imagem para ele, um rosto, uma face para
o herói, aliás, também mineiro. São tantas imagens, com barba, sem barba, ele
acabou figurando em uma cédula de CR$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros). Típico,
não é? Em plena Ditadura Militar. E os 5.000, logo, logo, receberiam um carimbo
de rebaixamento para “5 cruzeiros novos”! Assim é a vida!
Ele que desde 1965, já era Patrono da Nação Brasileira e da Polícia Militar,
virou uma nota, com o rosto antigo de barba, que depois teria outro, imberbe. E
daí? Até o Lobo Guará será uma nota de 200 paus, e talvez seja o que restará
dele daqui a alguns dias...
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Outra
imagem de Tiradentes, de José Wasth |
E voltando ao nosso assunto, em
2014, uma nova “descoberta”.
Teria o Aleijadinho sido retratado pelo também genial pintor marianense, Manoel
da Costa Ataíde (1762-1830)? Quem sabe?
Vamos primeiramente aos fatos. Sempre os fatos.
De acordo com o premiadíssimo jornalista mineiro, Gustavo Werneck, na matéria, “Aleijadinho
por mestre Ataíde?”, publicada no Jornal Estado de Minas, do dia
05/11/2014, portanto treze dias antes do dia 18, data do Bicentenário da morte
do Aleijadinho, “No mês de homenagens ao bicentenário de morte de Antonio
Francisco Lisboa, o Aleijadinho uma polêmica se soma à biografia do escultor.
No quadro ´Jesus cai carregando a cruz´, o pintor Manuel da Costa Ataíde teria
dado a um soldado que aparece no canto esquerdo da tela o rosto de Aleijadinho
(no detalhe). Quem afirma é o restaurador e pesquisador José Efigênio Pinto
Coelho (também de Ouro preto), com base em descrição do tipo físico do
entalhador mineiro feita em livro de 1858. A possível descoberta de uma nova
face do artista barroco divide opinião de especialistas.”.
Homem vestido como soldado romano, destaque, em quadro de Ataíde, seria a
retratação do gênio do barroco, segundo, José Efigênio Pinto Coelho.
E há também um porém. Segundo, a pesquisadora e restauradora, Lélia Coelho
Frota, esta tela, “Jesus cai carregando a cruz”, “Embora tradicionalmente
atribuídos ao Ataíde, os dois Passos que se encontram no Museu da Inconfidência
não parecem ser de sua autoria. Encontra-se ausente dos mesmos o desenho culto
e intencionalmente deformador da figura em que o mestre marianense excedia, e a
dramaticidade expressiva patente em tantos dos seus personagens não é em
absoluto a retratada nesta figura de Cristo, que nem por isso deixa de ser
tocante ao transmitir um rude sofrimento.” (FROTA, 1982, 138).
O que sabemos é que Ataíde e Aleijadinho foram contemporâneos e trabalharam nos
mesmos canteiros de obras religiosas, se não simultaneamente, pelo menos,
Aleijadinho trabalhou primeiro.
Em Congonhas, por exemplo, Aleijadinho e sua oficina, entalharam em cedro, as
esculturas dos Passos da Paixão, entre 1796 e 1799. “Entretanto, só a partir
de 1808 tem efetivamente início a policromia dos Passos, com a pintura das
imagens da Ceia por Manoel da Costa Athaide.”, que também encarnaria
(pintaria) imagens dos Passos do Passo do Horto e da Prisão, em 1818 e 1819. (OLIVEIRA,
1984, p. 27-8).
Sem contar, que, apesar de não haver documentação comprobatória para todos os
trabalhos executados, tanto por um quanto por outro, a Ataíde são atribuídos
vários serviços de pintura, na Igreja São Francisco de Assis de Ouro Preto,
onde Aleijadinho teria executado quase tudo, desde a planta, esculturas
internas em cedro e esteatita (pedra sabão) e o frontispício também em
esteatita. (CAMPOS, 2005, 22-28; VASCONCELLOS, 1979, 137-138)
E por último, o mais polêmico de todos os retratos do Aleijadinho.
O retrato falado ou retrato forjado?
Quando a esmola é muita até o santo desconfia. Mas vamos aos fatos novamente.
Em 1967, Tiradentes, virou “Patrono da Nação Brasileira e da Polícia Militar”,
e em 1973, Aleijadinho iria virar, “Patrono da Arte no Brasil”. Até aqui tudo
bem, eu mesmo assino embaixo. Mas o problema é a farsa ou fraude?
Mas vamos aos fatos de novo.
Vamos começar pelo fim:
“LEI Nº
5.984, DE 12 DE DEZEMBRO DE 1973.
Declara
Antônio Francisco Lisboa - "O Aleijadinho" - Patrono da Arte no
Brasil.
O
PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
Faço
saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º É
declarado Antônio Francisco Lisboa - "O Aleijadinho" - Patrono da
Arte no Brasil.
Art. 2º
Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.
Brasília,
12 de dezembro de 1973; 152º da Independência e 85º da República. EMÍLIO G.
MÉDICI
Jarbas G.
Passarinho”.
Sem objeções, eu mesmo assinaria
embaixo novamente. Mas o problema é que a farsa ou fraude não é bem essa, o
homenageado merece, o problema foi encomendarem uma face, uma aparência, um
rosto, quase um corpo todo, um perfil, como diria hoje, para o Aleijadinho.
Isso mesmo!
A questão foi uma lei anterior,
da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais do ano anterior, de 1972, “que
assim dispõe: Art. 1º. – Fica reconhecido, como efígie oficial de Antônio
Francisco Lisboa ´O Aleijadinho´, o retrato miniatura pintado a óleo por
Euclásio Penna Ventura, que se encontra depositado ao Arquivo Público
Mineiro...”. Para adiantar, hoje essa enigmática obra, não voltou para a
Sala dos Ex-votos, mas se encontra no Museu de Congonhas cidade originária da
pintura. Antes de continuar vamos ao retrato, vamos conhecer a verdadeira face
de nosso insigne artista:
Mas o verdadeiro problema parece,
e que ninguém ligou é que essa pintura, um óleo sobre pergaminho medindo 22 cm.
de largura por 27,7 cm. de altura, fosse apenas um ex-voto, da Sala dos
Milagres, um dos anexos do Santuário Senhor Bom Jesus do Matosinhos, com
centenas de ex-votos, onde além da Basílica se encontram os Passos e os
Profetas esculpidos por Aleijadinho. E tudo começa em 1916, quando um
comerciante, compra o ex-voto, depois vende para outro etc., até ser depositado
no Museu Mineiro e acaba caindo nas graças de um historiador e artista russo,
Miguel Theodorovitch Chquiloff, que em 1969, dá como autêntica e verídica
representação do Aleijadinho, inclusive autenticada pelo perito e historiador
da arte, Pietro Maria Bardi (1900-1999) e vira o “retrato oficial do
Aleijadinho.” (MIRANDA, 2014, 99-104) E os deputados mineiros sacramentaram a
iconoclastia. Amém.
E acho melhor não prosseguir.
Quando vejo, que o artista, que foi perfeccionista em retratar o escultor, foi
incapaz de retratar alguma de suas esculturas e ao fundo simulou o que seria um
de seus profetas, que mais parece uma figura mitológica grega com uma
cornucópia aos pés, cuja base é uma coluna que não existe nos profetas
originais. E parece que o retrato oficial nem mãos possui... E o mais
execrável, o mestre Antônio Francisco, que tinha “o cabelo preto e anelado”,
teve os cabelos “esticados”, para aparecer bem na fita?
Eu só queria responder, para
minha amiga que existem inúmeras representações de como era o Antônio Francisco
de Lisboa, o Aleijadinho, um escultor pardo de voz arrebatada e um talento de
gênio. E só.
Assim como o livro, “Aleijadinho
e o aeroplano” de Guiomar de Grammont, um grande livro, diga-se de
passagem, não é uma biografia de Aleijadinho, como ela mesma afirma e a
biografia de Brêtas, como afirma a mesma G.G., não é uma obra de biografia,
como entendemos hoje, mas uma ficção criada sobre um mito criado que foi o
Aleijadinho, às vezes penso que todo esse monte de livros sobre ele não foi
mais que um comércio de “ouro de tolo”, ou seja, um ouro falso, uma pirita
literária infindável. E eu ao escrever isso, nada mais faço que “engolir corda”
ou “entrar na onda”, como diriam os estudantes lá de Ouro Preto em minha
época...
Mas o problema é que a coisa não
é bem assim. Aquelas obras não foram criadas por computação gráfica, mãos
pardas e possivelmente disformes fizeram aquelas obras primas por preços
previamente determinados ainda que apenas para garantir “o pão nosso de cada dia”,
como atestam muitos documentos. Antes da fotografia, os retratos dos grandes
artistas eram coisas raras, e alguns autorretratos ainda são confiáveis como os
de Rafael ou Rembrandt e claro, os do trágico Van Gogh. Mas dos nossos
artistas, sobretudo os mais afastados de nosso tempo, brasileiros e pardos
então, nem pensar. Primeiro é que os oficiais mecânicos, como eram rotulados os
escultores e qualquer outra categoria que trabalhava com as mãos, mesmo
reconhecidos como profissionais competentes, necessários e requisitados, não
tinham um estatuto social que pudesse ser invejável na sociedade do antigo
regime luso-brasileiro. Inclusive, Da Vinci e Leonardo, ou mesmo o irascível
Michelangelo, podem ter frequentado as cortes de seus mecenas, mas não passavam
de artistas que eram necessários e se contratava por um preço negociado e
firmado em contrato. E só.
|
À
esquerda da Basílica do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos de |
REFERÊNCIAS
ALEIJADINHO Patrono da arte no
Brasil; Lei, projetos e pareceres apresentados pelo deputado Paulino Cícero de
Vasconcelos. Brasília, 1977.
BRÊTAS, Rodrigo José Ferreira. Traços
biográficos relativos ao finado Antônio Francisco Lisboa, distinto escultor
mineiro, mais conhecido pelo apelido de Aleijadinho. Rio de Janeiro:
Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 1951.
CAMPOS, Adalgisa Arantes. (Org.) Manoel
da Costa Ataíde; aspectos históricos, estilísticos, iconográficos e técnicos.
Belo Horizonte: Editora C/Arte, 2005.
CARVALHO, Geraldo Barroso. Doenças
e mistérios do Aleijadinho. São Paulo: Lemos Editorial, 2005. [1998]
FROTA, Lélia Coelho. Ataíde.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.
FROTA, Lélia Coelho. Promessa
e Milagre no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos Congonhas do Campo Minas
Gerais. Rio de Janeiro: Pró-memória, 1979.
GAMA, Geraldo Guimarães da. Os
mistérios na vida do Aleijadinho. Belo Horizonte: Edições CLA, 2004.
GRAMMONT, Guiomar de. Aleijadinho
e o aeroplano; o paraíso barroco e a construção do herói colonial. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
LEMOS, Paulo (Org.). Aleijadinho
200 anos. Ouro Preto: Legrafar, 2014.
MIRANDA, Marcos Paulo de Souza. O
Aleijadinho revelado; Estudos Históricos sobre Antônio Francisco Lisboa.
Belo Horizonte: Fino Traço, 2014.
OLIVEIRA, Myriam Andrade Ribeiro
de. Aleijadinho; passos e profetas. Belo Horizonte: Itatiaia, 1984.
PONTUAL, Roberto. Dicionário
das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1969.
VASCONCELLOS, Sylvio de. Vida
e obra de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. 2. ed. São Paulo:
Nacional, 1979.
WERNECK, Gustavo. Aleijadinho por
mestre Ataíde? In: Jornal Estado de Minas. 05/11/2014
José
Eduardo de Oliveira é licenciado em História pela Universidade Federal de Ouro
Preto. É autor de três livros, sendo o último "Bento Rodrigues: Trajetória
e Tragédia de Um Distrito do Ouro", lançado em 2018.
https://www.jornaldepatos.com.br/2020/08/como-era-o-aleijadinho-retrato-falado.html
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