29 DE AGOSTO DIA DA VISIBILIDADE LÉSBICA E
BISSEXUAL – COM POST SCRIPTUM: A INVISIBILIDADE DE ANNA FREUD
José Eduardo de Oliveira Jornal de Patos terça-feira, agosto 29, 2024*
Por José Eduardo de Oliveira
Para ARAMPX
Imagem: Microsoft Bing |
Alguém
acreditaria que no passado quase foi necessário que se criasse o “O DIA DA
VISIBILIDADE DO CRISTÃO E DA CRISTÔ? É isso mesmo! Nos tempos do Império
Romano, ser cristão ou cristã era extremamente fatal, mortal de verdade. Os
romanos, em todo o seu imenso e genocida império, perseguiam, crucificavam e
ou, atiravam aos leões e aos gladiadores nas arenas todos que fossem cristãos e
cristãs, apenas para se divertirem, e claro, externar seu “fundamentalismo
religioso”, seus ódios, suas xenofobias e suas taras.
Foi
preciso, não por benevolência ou religiosidade, que o imperador Constantino
proclamasse em 13 de junho de 313, o Edito de Milão, que determinava a
liberdade religiosa em todo o Império Romano.
E, por
incrível que pareça, 1710 anos depois, existe um DIA DA VISIBILIDADE LÉSBICA E
BISSEXUAL. Ou seja, lésbicas, bissexuais e todos que não são heteros,
cisnormativos ou “romanos”, apesar que seres humanos como todos eles, ainda são
obrigados, como os primeiros cristãos e cristãs, de se esconderem em “catacumbas”
ou armários de suas existências invisíveis.
Assim, em
29 de agosto de 1996, depois de vários embates e combates, inclusive nacionais
e internacionais, durante a realização do I SENALE- Seminário Nacional de
Lésbicas, no Rio de Janeiro, ficou deliberado pelo coletivo que o dia 29 de
agosto, doravante seria o DIA NACIONAL DA VISIBILIDADE LÉSBICA.
Entretanto,
somente em 2014, durante o VIII SENALE, realizado em Porto Alegre é que a sigla
mudaria para SENASLEBI-Seminário Nacional de Lésbicas e Mulheres Bissexuais e
assim seria oficializado o 29 de agosto como o DIA DA
VISIBILIDADE LÉSBICA E BISSEXUAL.
E
HOJE, 54 ANOS DEPOIS DE STONEWALL E 40 ANOS DEPOIS DE FERRO'S BAR?
As
lésbicas e bissexuais mais céticas, pessimistas e lutando para que tudo se
resolva rapidamente, acham que poucas coisas mudaram e tudo que enxergam é o
patriarcalismo cada vez mais chauvinista, a polícia e os políticos, estão cada
vez mais truculentos, sobretudo o governo que foi substituído em 2023, onde
houve um crescimento avassalador da lesbofobia, homofobia, transfobia,
misoginia e do racismo. Entretanto, novos horizontes despontam, mas não serão
desvelados sem muita luta.
É claro,
houve alguns avanços, ainda que benéficos, mas lamentavelmente apenas nas
questões legais. Pois as mudanças nas mentalidades, nos costumes, sobretudo as
que ameaçam as velhas sociedades cisnormativas, heteronormativas e binárias,
demoram. E como demoram.
O que foi
mudado, ou melhor, conquistado inclusive com sangue e muitas vidas saudáveis,
não é pouca coisa.
Por
exemplo, aqui no Brasil, o Conselho Federal de Medicina retira a
homossexualidade de sua lista de doenças (1985); A OMS (Organização Mundial da
Saúde) retira a homossexualidade de sua lista de transtornos mentais (1990); No
Piauí, Kátia Tapeti é eleita a primeira vereadora trans na história da política
brasileira (1990); As primeiras Paradas do Orgulho LGBT são realizadas em
Curitiba e no Rio (1995); A cidade de São Paulo sedia sua primeira Parada LGBT.
Em 2006, a passeata paulistana entra para o Guinness Book como o maior evento
do gênero (1997); O governo de São Paulo promulga a Lei 10.948 que penaliza
práticas discriminatórias em razão da orientação sexual e identidade de gênero
(2001); O processo de redesignação sexual, a chamada cirurgia de “mudança de
sexo” do fenótipo masculino para o feminino é autorizada pelo Conselho Federal
de Medicina. Em 2008, passa a ser oferecida pelo SUS (Sistema Único de Saúde)
(2002); STF (Supremo Tribunal Federal) reconhece a união homoafetiva, um marco
na luta pelos direitos LGBT, e várias uniões já foram realizadas (2011), e me
lembrei de uma, se não foi a primeira foi talvez a mais célebre, o casamento da
cantora Daniela Mercury com a jornalista Malu Verçosa em dezembro de 2013; STF
decide que transexuais e transgêneros podem mudar seus nomes de registro civil
sem necessidade de cirurgia (2018); STF enquadra a homofobia e a transfobia na
lei de crimes de racismo até que o Congresso crie legislação própria sobre o
tema (2019); STF declara inconstitucionais as normas que proíbem gays de doar
sangue (2020). (Dhiego Maia - Folha de S. Paulo, 16.05.2020 -
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/05/ha-30-anos-oms-tirou-homossexualidade-de-catalogo-de-disturbios.shtml).
Existem
também as questões das lutas, urgentes, constantes, mas também difíceis que é
também a da diversidade das lésbicas e/ou feministas. As feministas héteros não
entram em acordo com as feministas lésbicas ambas brancas; que por sua vez se
digladiam com as feministas e lésbicas negras; sem contar os conflitos entres
as lésbicas e as bissexuais. E as antigas questões de classes, as ricas contra
as pobres. E outros mais complicados, todas elas contra os gays, trans, travestis
e infelizmente um etc.
Estas e
outras questões foram incisivamente demonstradas no pequeno grande livro
lançado recentemente e que merece ser lido, relido e discutido, estou me
referindo ao livro de Dedê Fatumma, “Lesbiandade”, lançado pelo selo, Femininos
Plurais, de coordenação de Djamila Ribeiro.
E apesar dos avanços, Dedê Fatumma, nos alerta, sobre a questão de outras invisibilidades:
O feminicídio no Brasil tem repercutido na sociedade como resultado de esforços coletivos, envolvendo os movimentos sociais feministas comprometidos com o projeto de vida das mulheres. Todavia, há de se problematizar que, instituições públicas na LGBTQIA+fobia não assumem um empenho que trate do lesbocídio, de acordo com o dossiê “Lesbocídio: As histórias que ninguém conta”, [...]
O dossiê foi elaborado [...] e explicitou as múltiplas violências e vulnerabilidade que acarretaram no lesbocídio e suicídio de sapatonas, lésbicas e bissexuais no Brasil. De modo geral, o dossiê surge como um material político para que a trajetória e a memória de resistências lésbicas não sejam colocadas à margem.A metodologia interseccional é imprescindível para analisar os fatores desses assassinatos, cuja matriz de opressão, seja de gênero, classe, raça, etnia, sexualidade, território, dentre outras, elenca categorias que atuam de forma conjunta nas trajetórias de vida destas mulheres. [FATUMMA, p. 165-6]
Dedê Fatumma, defende com unhas e dentes a sua visibilidade, a visibilidade de todas lésbicas e bissexuais, dentro do princípio básico para ela e para todas do “meu corpo, meu território”,
Sair do armário é sair de mãos dadas com a minha namorada na rua, é assumir que o amor fala outras línguas e que a minha orientação sexual precisa ser respeitada: é ter o direito de existir sem ser atropelada na próxima esquina, é dizer que a cisheterossexualidade não se arranja para o manejo e o controle dos meus afetos sociais e sexuais. A realidade é que nossos corpos sempre estiveram em cena, protagonizando notas subversivas de desejos sexuais, contra a colonização, causando vertigem nas estruturas empoeiradas do fundamentalismo cristão, que ambiciona secar o poder do líquido que carregamos em nossas entranhas como fonte de vida. [FATUMMA , p. 36]
Paradoxos humanos, ontem os cristãos eram perseguidos e martirizados, hoje, as pessoas LGBTQIA+, passam pela mesma situação, e o pior, pelos cristãos e cristãs matrizes e outros, que sob o manto de pureza e defesa de Deus, Pátria e Famílias ocultam torturadores, inquisidores e assassinos, só que estamos em pleno século XXI, e não no século IV, a caminho da Idade Média, a Idade das Trevas...
VISIBILIDADE LÉSBICA E BISSEXUAL: DILEMAS
Todos sabem que biológico e historicamente, o ser humano binário sempre existiu, mas não só ele, pois outros gêneros sempre conviveram nesta face hostil desse Planeta mais hostil ainda. Não se trata aqui de dizer que os heterossexuais são normais e os homossexuais são aberrações. A questão é como isso é determinado. Ninguém conseguiu explicar ainda. As explicações são culturais e eivadas de preconceitos. Ou não? E para citar alguns exemplos, que isso aqui é apenas um artigo para um Jornal eletrônico. E vou omitir o homossexualismo masculino, ou deixar para outra hora. Porque as questões relacionadas às pessoas LGBTQIA+: Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer, Intersexuais, Assexuais e outras identidades de gênero, são questões humanas e, portanto eternas.
Por exemplo, quando se fala em LÉSBICA, e alguém quer saber a origem do termo, desse substantivo, adjetivados milhares de vezes, imediatamente nos remetemos à poetisa, musicista e tecelã, Safo de Lesbos, cuja vida é tão cheia de mistérios quanto sua morte. Teria nascido no século VII ou VI a.C.? Sabemos apenas que sobraram fragmentos de seus escritos e vários testemunhos antigos de sua existência e desde os mais remotos escritos ela foi citada por inúmeros homens de letras do passado, só para citar alguns, Heródoto, Estrabão, Aristóteles, Platão, Pausânias, Ovídio e Horácio. Foi casada? Teve filhos? Foi bissexual? Talvez nada disso interessa neste texto, pois ela foi, é e sempre será lembrada como a ardente poeta que amava mulheres. A filha da Ilha de Lesbos, a lésbica. Então toda mulher que ama outra mulher é lésbica. E ninguém se acostuma com essa verdade.
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Representação de Safo em detalhe da obra de Rafael Sanzio – Stanza dela Sgnatura – Parnaso [1509-10] |
E as BISSEXUAIS? Que muitas vezes foram rejeitadas não só pelas lésbicas, mas pelas feministas e todo o guarda-chuva de gêneros.
Em recente publicação [2022] sobre a bissexualidade, aliás, raras se comparadas com as publicações sobre as lésbicas e outros gêneros, o livro, “Invisibilidade: cultura, ciência e a História Secreta da Bissexualidade”, de Julia Shaw, pode tornar-se uma leitura importante como ponto de partida para novos questionamentos.
Inicialmente, ela nos diz que,
A bissexualidade é o potencial para se atrair, romanticamente e/ou sexualmente, por pessoas de mais de um gênero, não necessariamente ao mesmo tempo, não necessariamente do mesmo jeito, e não necessariamente ao mesmo grau. [...] [SHAW, p. 30]
Então, eu uso “bissexual”, ou “bi” como um termo guarda-chuva que inclui aqueles que se identificam como bissexuais, pansexuais, plurisssexuais, polissexuais, sexualmente fluidos, bi-curiosos e em questionamentos. Às vezes eu uso o termo “comportamento bissexual” para descrever pessoas que têm relações sexuais ou românticas com pessoas de vários gêneros, mas não se identificam como bissexuais ou cuja identidade sexual é desconhecida. [SHAW, p. 30]
Bissexualidade não é uma moda, ou algo “chic” ou “novo”, em vez disso, esse rótulo de sexualidade parece ser mais acessível, potencializador e positivo atualmente do que já foi no passado. [SHAW, p. 35]
E a história da bissexualidade dentro da História da Sexualidade?
Em fins do século XIX, Sigmund Freud (1859-1939), tendo por base diversos pesquisadores, dentre eles, Richard von Krafft-Ebing e Havelock Hellis, além de escrever várias cartas sobre a bissexualidade, escreve também ensaios sobre o tema, entretanto, suas conclusões, hoje são tidas apenas como importantes estudos precursores sobre o assunto. (FREUD, 1972; 1996; 2018)
Julia Shaw nos aponta autores com duas versões sobre a História da Bissexualidade. A primeira, como ocorre com a homossexualidade em geral, a bissexualidade “é um comportamento conhecido na Grécia e Roma antigas”. Outras versões apontam que ela foi “inventada” no início dos anos de 1800, ou em meados do século XIX. Outros procuram diferenciar as História dependendo de quando surgiram os atos e ou as identidades. [p. 44-5]
Para Julia Shaw, “Essa discussão de atos, versus identidades tem sido uma característica nos debates sobre história queer há muito tempo.” [p.45]
Nesse contexto e aproveitando um artigo anterior, para quase encerrar. Ou plagiar a mim mesmo de novo:
E A
VISIBILIDADE?
Assim as
pessoas lésbicas ou bissexuais, quando descobrem que são, então têm que viver
sem a aceitação dos companheiros, das instituições, do seu trabalho, dos pais,
da escola, dos parentes, vizinhos, amigos, em suma do Mundo todo. E o pior é
quando não se aceitam a si mesmas mesmo diante do próprio autoconhecimento e
traumáticas experiências.
E por que
não aceitar o que se é? É simples, as pessoas que você ama e que te amam, não
te aceitam, então como te aceitar? Como se alguns seres humanos não fossem
criaturas de Deus ou resultado de uma evolução biológica, mas apenas
detestáveis e sujos adjetivos: sodomita, lésbica, aberração, sapatão, sapatona,
sapas, fanchona, invertida, virago, paraíba, bitrem, e que além de serem consideradas
como, pecadoras, anômalas e degeneradas a sua homossexualidade seria, além
disso, como um distúrbio mental. As lésbicas ainda seriam estigmatizadas
duplamente, pela lesbofobia e o machismo. E as mulheres negras, triplamente,
pela lesbofobia, machismo e racismo. Sem contar, uma misoginia atávica
patriarcal que as espreitam como um pesadelo constante, ou o que chamam
terrivelmente de “estupro corretivo”. E assim as lésbicas ou bissexuais sempre
foram condenadas a uma vida dupla e sem visibilidade ou então a uma existência
underground em seus próprios cotidianos...as consequências disso, além do
sofrimento, um profundo sofrimento, que prefiro nem descrever. Entretanto como
disse uma amiga bissexual: “Que seria de nós, mulheres, sem nós mesmas.” Uma
questão simples, mas talvez a mais complicada de todas: alguma mulher pode
escolher ou anular um desejo que sente por outra mulher? Ou por uma mulher e/ou
um homem como as bissexuais?
Simone de
Beauvoir (1908-1986), que no seu livro, O segundo sexo (1949), logo no
início do segundo volume: “Ninguém nasce mulher: torna-se
mulher.” Ninguém nasce lésbica, torna-se lésbica? Ninguém nasce
bissexual, torna-se bissexual?
O Segundo Sexo, um livro inquietante até hoje. Imagem: Divulgação |
Neste livro, que já foi mais lido, suponho, tem um capítulo o 4 do volume 2, que não é o maior deles, intitulado, “A lésbica”, mas é seguramente o mais interessante desse interessante e importante livro de quase novecentas páginas. Infelizmente ela não tratou especificamente das bissexuais, e ao que parece pela sua biografia, ela era bissexual. Começa assim:
“De bom grado imaginamos a lésbica com um chapéu de feltro, de cabelos curtos e gravata; sua virilidade seria uma anomalia traduzindo um desequilíbrio hormonal. Nada mais errôneo do que essa confusão entre a invertida e a virago. Há muitas homossexuais entre as odaliscas, as cortesãs, entre as mulheres mais deliberadamente ´femininas`; inversamente, numerosas mulheres ´masculinas´ são heterossexuais. Sexólogos e psiquiatras confirmam o que sugere a observação corrente: em sua imensa maioria, as mulheres ´malditas´ são constituídas exatamente como as outras mulheres. Nenhum ´destino anatômico´ determina sua sexualidade.” [BEAUVOIR, p. 161]
Disso ela entendia, mulher de mil amantes de ambos os sexos. Inclusive aqui no Brasil. Mas essa é outra história. Ela assumiu?
Queria apenas citar, mais alguns trechos desse capítulo, “Em verdade, a lésbica não é nem uma mulher `falhada´ nem uma mulher ´superior`.” [p. 163] “O que é preciso explicar na invertida não é, portanto, o aspecto positivo de sua escolha, é sua face negativa: ela não se caracteriza por seu gosto pelas mulheres e sim pela exclusividade desse gosto.” [p. 164] “A associação de duas mulheres, como a de um homem com uma mulher, apresenta numerosos aspectos diferentes; assenta no sentimento, no interesse ou no hábito; é conjugal ou romanesca; dá ensejo ao sadismo, ao masoquismo, à generosidade, à fidelidade, à devoção, ao capricho, ao egoísmo, à traição; há, entre as lésbicas, prostitutas, como também grandes amorosas.”
Enfim, “E se se invoca a natureza pode-se dizer que toda mulher é homossexual. A lésbica caracteriza-se, com efeito, pela recusa do macho e seu gosto pela carne feminina; mas toda adolescente receia a penetração, o domínio masculino, experimenta em relação ao homem certa repulsa; em compensação, o corpo feminino é para ela, como para o homem, um objeto de desejo.”
[p. 164]
Entretanto, outros fantasmas ainda rondam todas estas questões, talvez mais profundas, digamos assim. O ser e o estar lésbico e bissexual neste mundo tão tenebroso com quem não se encaixa no modelo ocidental de ser humano perfeito e o seu correspondente feminino: homem, heterossexual, branco, burguês, católico, pater famílias...e muitos deles potencialmente misóginos.
Uma situação real: Há algum tempo estava em um bar - sempre um bar? -, com uns amigos e umas amigas, uma diversidade, tinha lésbica, bissexual e héteros. De repente, dentre tantos assuntos todos descontraídos e etílicos surgiu um assunto sério. Como esses que descontraidamente tenho escrito.
- A situação dos homossexuais melhorou?
- Nunca! Ainda mais com as perspectivas desse novo presidente ou da possibilidade dele ser eleito. [Quando ela pronunciou isso, aquele genocida ainda não tinha sido eleito, mas se confirmou como mais racista e LGBTfóbico de todos os nossos presidentes]
- Mas as conquistas estão aí, tanto para os negros como para os LGBT's.
- Será?
Aí, uma lésbica, branca, jovem, saudável e linda, com formação em curso superior, musicista profissional, que havia pronunciado o “nunca”, melancolicamente e profundamente exclamou:
- Eu não tenho coragem de sair pelas ruas de Patos de Minas de mãos dadas com outra mulher. Eu tenho medo. Então o que mudou?
Acho que foi isso que ela disse. Todos fizeram um silêncio. Que não sei quanto tempo durou. E pensei várias vezes sobre isso. Como pode alguém decidir o que o outro quer viver? Com quem viver? E precisa viver. É vital viver. Não sei.
Gostaria de concluir com uma vigorosa escrita de uma lésbica, poeta, ensaísta e professora estadunidense, com um fragmento de um texto escrito em 1980:
“A existência lésbica inclui tanto a ruptura de um tabu quanto a rejeição de um modo compulsório de vida. É também um ataque direto e indireto ao direito masculino de ter acesso às mulheres. Mas é muito mais do que isso, de fato, embora possamos começar a percebê-la como uma forma de exprimir uma recusa ao patriarcado, um ato de resistência. Ela inclui, certamente, isolamento, ódio pessoal, colapso, alcoolismo, suicídio e violência entre mulheres. Ao nosso próprio risco, romantizamos o que significa amar e agir contra a corrente sob a ameaça de pesadas penalidades. E a existência lésbica tem sido vivida (diferentemente, digamos, da existência judaica e católica) sem acesso a qualquer conhecimento de tradição, continuidade e esteio social. A destruição de registros, memória e cartas documentando as realidades da existência lésbica deve ser tomada seriamente como um meio de manter a heterossexualidade compulsória para as mulheres, afinal o que tem sido colocado à parte de nosso conhecimento é a alegria, a sensualidade, a coragem e a comunidade, bem como a culpa, a autonegação e a dor.” Adrienne Rich [1929-2012], In: Heterossexualidade compulsória e existência lésbica. [RICH, 2007, P.36]
*Este
texto é um excerto modificado e atualizado de: https://www.jornaldepatos.com.br/2020/08/dia-do-orgulho-lesbico.html.
E https://www.jornaldepatos.com.br/2023/08/dia-da-visibilidade-lesbica-e-bissexual.html.
Publicado também em:
POST SCRIPTUM
A INVISIBILIDADE DE ANNA FREUD
Anna Freud [1895-1982], vienense, filha de Sigmund Freud e Martha Bernays, foi a última filha dos seis filhos do casal. Foi também a única a seguir a profissão do pai e como psicanalista também publicou importantes obras sobre o assunto, além de ter sido assistente de seu pai até a sua morte em 1939.
Mas paradoxalmente, Anna Freud, filha do pai que
abriu a caixa de Pandora da sexualidade, não “saiu do armário”, e sua
existência lésbica permaneceu invisível por toda sua vida. Mesmo o pai tendo
pesquisado e publicado várias obras sobre lésbicas, homossexuais e bissexuais
ela e sua companheira, a novaiorquina Dorothy Burlingham [1891-1979], também psicanalista,
apesar de morarem juntas durante 54 anos, jamais assumiram publicamente e
explicitamente o seu relacionamento amoroso, sendo apenas “amigas”, ou seja de
1925 quando se conheceram até 1979, ano da morte de Dorothy. Inclusive, ante de
ir morar com a sua companheira, Ernest Jones, um dos mais célebres biógrafos de
Freud, cortejou-a em várias ocasiões, e obviamente não foi bem-sucedido.
Dorothy tinha sido casada por 7 anos e tendo 4
filhos, separou-se de seu marido em 1925 e foi morar com Anna Freud em Viena,
juntamente com os filhos. Neste ano ela havia levado um de seus filhos para se tratar
com Anna em Viena e aí iniciaram esse relacionamento para sempre.
Antes da eclosão
da Segunda Guerra Mundial todos se mudaram para Londres em 1938, inclusive Sigmund
Freud que morreria lá no ano seguinte.
E se hoje, em pleno século XXI, a visibilidade
lésbica e bissexual, e claro, homossexual em geral, ainda continua um tabu,
continua reprimida, para apenas usar esse eufemismo, e não à toa e todos
sabemos por que, imaginem no início do século XX. Aventaram, que sua invisibilidade
era por causa do pai, entretanto, o pai morre em 1939 e mesmo assim ela, elas, continuaram
invisíveis...
Entretanto, Anna e Dorothy continuaram invisíveis,
mesmo Sigmund Freud, tendo escrito em uma carta em 1935, e em vários outros escritos,
que, a homossexualidade:
“Não pode
ser qualificada como uma doença e nós a consideramos como uma variante da
função sexual, produto de certa interrupção no desenvolvimento sexual. Muitos
homens de grande respeito da Antiguidade e Atualidade foram homossexuais, e
dentre eles, alguns dos personagens de maior destaque na história como Platão,
Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci, etc. É uma grande injustiça e também uma
crueldade, perseguir a homossexualidade como se esta fosse um delito.”
De acordo com a psicanalista, Ligia
Maria Durski:
“É fácil
supor, ao ler algumas cartas de Anna Freud em sua biografia que por toda uma
vida essas duas mulheres precisaram fingir, escamotear, esconder, distorcer,
negar e mentir sobre a qualidade
do vínculo amoroso
que as unia - pairando no
ar, inclusive, se
ambas vivenciaram um amor aparentemente represado ou se conseguiram por
tantos anos e morando no mesmo teto “sublimar” o desejo sexual ali pungente.
Duas psicanalistas que certamente sabiam sobre as consequências destrutivas da
moral sexual vigente sobre suas vidas pessoais e profissionais caso tal
relacionamento fosse realizado e/ou revelado. Sair do armário nunca foi
possível pra Anna e Dorothy. - Infelizmente, a história não mudou muito em termos
de uma visibilidade sapatão no que se refere à psicanálise. Ainda é preciso
fingir, escamotear, achar irrelevante, distorcer, negar e mentir nos ambientes
psicanalíticos quando se é uma psicanalista lésbica, um(a) psicanalista trans,
um psicanalista homossexual, etc.”
E para a
mesma, Ligia Maria Durski:
Retomando, pois, o exemplo de Anna e Dorothy,
independente da factualidade de uma relação érotico-genital, por assim dizer, a
potência de trazer à tona essa história e de lutar contra seu apagamento se
encaixa na proposta de Adrienne Rich com relação ao seu conceito de ‘continuum lésbico’.
Este conceito propõe
que pensemos as
relações entre mulheres
e a potência social
e política dessas
vinculações na extensão
que vai desde
intensidades mais primárias até o compartilhamento de
uma vida interior mais rica. Para a autora: ‘a existência lésbica inclui tanto
a ruptura de um tabu quanto a rejeição de um modo compulsório de vida. É também
um ataque direto e indireto ao direito masculino de acesso às mulheres. Mas é
muito mais do que isso, de fato, embora possamos começar a percebê-la como uma
forma de exprimir a recusa ao patriarcado, é um ato de resistência’”.
Entretanto, existe um outro detalhe, outro de tantos dessa
existência tão rica e complexa que foi a de Anna Freud e de tantas outras, que
conhecemos, e segundo a também psicanalista e francesa, Élisabeth Roudinesco, Anna
era homossexual e paradoxal:
“Anna era
homossexual. Se ela praticou ou não a sua homossexualidade, ninguém sabe. Seja
como for, ela viveu com uma mulher a vida inteira, Dorothy Burlingham. Freud
aceita isso a partir dos anos 1920. Ele se dá conta de que sua filha não quer
saber de homem, mas tem o desejo de educar crianças. [...]
Claro. Agora,
como se pode pensar que Freud imaginaria o casamento de homossexuais e a
educação de crianças por eles? A única coisa que nós podemos dizer é que,
quando a filha de Freud quis viver com uma mulher e educar crianças, ele não se
opôs. Disse que seria uma família a mais. Há feministas um pouco excitadas que
consideram que Anna Freud era uma feminista queer que antecipava o
casamento homossexual. Trata-se de uma inverdade. Anna Freud foi homófoba.
Apesar de ser homossexual, considerava que os homossexuais não deviam ser
analistas. Que era preciso corrigir isso. Anna Freud era depressiva, não aceitava
a própria homossexualidade. [...]
[Anna Freud era
paradoxal?] Sim, e é provável que a homossexualidade dela tenha se mantido
escondida na relação com a companheira, que a relação fosse sobretudo amistosa,
e não sexual. Nunca saberemos. Anna Freud era uma mulher do seu tempo. Freud
era mais avançado do que sua filha. Foi pela despenalização e era favorável à
prática da psicanálise pelos homossexuais.”
FONTES:
Luís Olímpio Ferraz Melo. Anna Freud -
Ligia Maria Durski. Ser uma psicanalistas lésbica -https://revistas.unilab.edu.br/index.php/rebeh/article/view/391/253;
Mariana Nicodemus - Carta em que
Freud trata sobre 'reversão da homossexualidade' é compartilhada nas redes
sociais -
Entrevista com Elisabeth
Roudinesco -
https://www.scielo.br/j/rlpf/a/pMRz8QncKHRq7f5YW6mzB7
R/
Anna Freud -
http://wiki.historiadapsicologia.com.br/index.php?title=Anna_Freud
DESAFIOS E CONQUISTAS DOS LGBTQIA+*
A PARTIR DOS ANOS 1950
Surgem as divas trans que se tornam grandes estrelas no Brasil e na Europa, como Rogéria, Jane di Castro, Eloína e Fujika, entre outras
1969
LGBTs de Nova York colocam fim às agressões que sofriam em batidas policiais realizadas num bar da cidade, o Stonewall Inn. O grupo resistiu por três dias em 1969, numa época em que se relacionar com pessoas do mesmo sexo era ilegal em todos os estados americanos.
O movimento estimulou uma marcha sem volta de LGBTs por mais igualdade de direitos em várias partes do mundo e ficou conhecido como a revolta de Stonewall [ver Stonewall: https://www.jornaldepatos.com.br/2020/06/stonewall-28-de-junho-de-1969-o-orgulho.html]
1978
Início do movimento pelos direitos LGBT no Brasil. É fundado, no Rio de Janeiro, o jornal Lampião na Esquina, voltado para as questões da comunidade. Em São Paulo, surge o Somos
1979-1980
Organização dos Grupos LF-Lésbico Feminista [1979], e GALF-Grupo de Ação Lésbica Feminista [1979-1989]
1982
Ocorre a famosa passeata contra o delegado José Wilson Richetti, que realizava batidas policiais no centro de São Paulo contra travestis, gays e prostitutas sobre o pretexto de moralização social
1983
DIA NACIONAL DO ORGULHO LÉSBICO. Em 19 de agosto de 1983, um protesto realizado por lésbicas e apoiado por grupos feministas pôs fim às discriminações sofridas no Ferro’s Bar, centro de SP. O ato ficou conhecido como o "Stonewall brasileiro" [VER: https://www.jornaldepatos.com.br/2020/08/dia-do-orgulho-lesbico.html]
Anos 80 e 90
Anos de pânico: o HIV chega ao Brasil e faz estrago conhecido como “peste gay”. Na Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo é organizado o primeiro núcleo de luta anti-Aids. Morrem Darcy Penteado, Caio Fernando Abreu e Cazuza por complicações da doença
1985
O Conselho Federal de Medicina retira a homossexualidade de sua lista de doenças
1990
OMS (Organização Mundial da Saúde) retira a homossexualidade de sua lista de transtornos mentais
1992
No Piauí, Kátia Tapeti é eleita a primeira vereadora trans na história da política brasileira
1995
As primeiras Paradas do Orgulho LGBT são realizadas em Curitiba e no Rio
1996
DIA NACIONAL DA VISIBILIDADE LÉSBICA – instituído em 29 de agosto durante o 1o Seminário Nacional de Lésbica-SENALE. Depois, a partir de 2014, no VIII SENALE, ocorreu a mudança para a sigla, SENALESBI- Seminário Nacional de Lésbica Mulheres Bissexuais. E daí, DIA NACIONAL DA VISIBILIDADE LÉSBICA BISSEXUAL.
1997
A cidade de São Paulo sedia sua primeira Parada LGBT. Em 2006, a passeata paulistana entra para o Guinness Book como o maior evento do gênero
2001
O governo de São Paulo promulga a lei 10.948 que penaliza práticas discriminatórias em razão da orientação sexual e identidade de gênero
2002
O processo de redesignação sexual, a chamada cirurgia de “mudança de sexo” do fenótipo masculino para o feminino é autorizada pelo Conselho Federal de Medicina. Em 2008, passa a ser oferecida pelo SUS (Sistema Único de Saúde)
2011
STF (Supremo Tribunal Federal) reconhece a união homoafetiva, um marco na luta pelos direitos LGBT
2018
STF decide que transexuais e transgêneros podem mudar seus nomes de registro civil sem necessidade de cirurgia
2019
STF enquadra a homofobia e a transfobia na lei de crimes de racismo até que o Congresso crie legislação própria sobre o tema
2020
STF declara inconstitucionais as normas que proíbem gays de doar sangue
Fonte: Livro Devassos no Paraíso - João Silvério Trevisan. Editora OBJETIVA (APUD- *Dhiego Maia - Folha de S. Paulo, 16.05.2020 - https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/05/ha-30-anos-oms-tirou-homossexualidade-de-catalogo-de-disturbios.shtml)
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APENAS ALGUNS FILMES, CUJA LISTA É IMENSA
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Ammonite [Ammonite],
Direção Francis Lee, 2020.
A Última Sessão de Freud (Freud’s Last Session / 2024 – Reino Unido) – Direção: Matthew
Brown - [HBO-MAX].
As Revoltas de Stonewall [Stonewall uprising] de Kate Davis (2010) – [Youtube]
Colette [Colette], Direção Wash Westmoreland, 2018.
Desobediência [Disobedience], Direção Sebastian Lelio, 2017 [HBO-MAX].
Duas Rainhas [Mary Queen of Scots] Direção Josie Rourke, 2018.
Duck Butter [Duck Butter] Direção Miguel Arteta, 2018- [NETFLIX].
Feministas: o que elas estavam pensando? [Feminists: What Were They Thinking?],
Direção Mary Dore, 2018 [NETFLIX].
Flores raras, Direção Bruno Barreto, 2013.
Marielle – o documentário.
O Mau Exemplo de Cameron Post [The Miseducation of Cameron Post], Direção
Desiree Akhavan, 2019.
Orlando [Orlando] Direção Sally Potter, 1992.
Procura-se Amy [Chasing Amy], Direção Kevin Smith, 1997.
Retrato de uma jovem em chamas [Portrait de la Jeune Fille en Feu], Direção Céline
Sciamma, 2019.
Um belo verão [La Belle Saison], Direção Catherine Corsini, 2015
Violette [Violette.], Direção Martin Provost, 2013.
José Eduardo de Oliveira é licenciado em História
pela Universidade Federal de Ouro Preto.
Este
texto é uma versão revista e atualizada de:
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